Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos foi poeta brasileiro. Sua obra é extremamente original. É considerado um dos poetas mais críticos de sua época.

1884-04-20 Cruz do Espírito Santo, Paraíba, Brasil
1914-11-12 Leopoldina, Minas Gerais, Brasil
480227
29
219

Idealizações

V

Agora é noite! E na estelar coorte,
Como recordação da festa diurna
Geme a pungente orquestração noturna
E chora a fanfarra triunfal da Morte.

Então, a Lua que no céu se espalha,
Iluminando as serranias, banha,
As serranias duma luz estranha,
Alva como um pedaço de mortalha!

Nessa música que a alma me ilumina
Tento esquecer as minhas próprias dores
Canto, e minh'alma cobre-se de flores
— Fera rendida à música divina.

Harpas concertam! Brandas melodias
Plangem... Silêncio! Mas de novo as harpas
Reboam pelo mar, pelas escarpas,
Pelos rochedos, pelas penedias...

Eu amo a Noite que este Sol arranca!
Namoro estrelas... Sirius me deslumbra,
Vésper me encanta, e eu beijo na penumbra
A imagem lirial da Noite Branca!

O Comércio, 19-VIII- 1903


Publicado no livro Eu: poesias completas (1963). Poema integrante da série Poemas Esquecidos.

In: REIS, Zenir Campos. Augusto dos Anjos: poesia e prosa. São Paulo: Ática, 1977. p.221. (Ensaios, 32)

NOTA: Poema composto de 5 parte
1621
1


Prémios e Movimentos

Simbolismo

Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores