Augusto Massi
Augusto Massi é poeta, professor universitário e editor brasileiro. Formou-se em jornalismo na PUC-SP e começou sua carreira como crítico literário no jornal Folha de S. Paulo em 1984.
São Paulo, Brasil
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RONDÓ DA CONSOLAÇÃO
Nossa Senhora da Consolação
Protegei-nos em nossa peregrinação
Ao cruzar tua estéril e única praça,
Teus hotéis baratos, cartórios às traças
E, no Mackenzie, o graffito da mijada.
Consolai
Estendei-nos suas mãos de asfalto
E o refrão que nos toma de assalto
Mal partimos de tua morada.
Consolai
Dissipai minha solidão de pária,
Na tua ampla quadra mortuária,
Bombeiros chamuscados de mistério,
E o vasto paredão do cemitério.
Nossa Senhora da Consolação,
Consolai
Das tarefas fatigantes da errância,
Procuro novas capelas tão em voga,
A santa prostituição de Dona Olga,
Consolai
Olhai, Nossa Senhora das variedades,
Pelo Sujinho, a melhor bisteca da cidade,
Pela longa lista de lojas de lustres,
Pelo Riviera dos anônimos ilustres,
Pelas seis salas do Belas Artes,
Consolai
Vago na multidão que te envenena,
Infortúnios que a miséria encena.
Em qualquer trecho desta rua,
Consolai
Nossa Senhora da Consolação,
Aforismo trágico da contradição,
Bizarra colisão entre vida e arte,
Ruga enraizada no rosto da cidade,
Nosso último verso moderno,
Consolai
Protegei-nos em nossa peregrinação
Ao cruzar tua estéril e única praça,
Teus hotéis baratos, cartórios às traças
E, no Mackenzie, o graffito da mijada.
Consolai
Estendei-nos suas mãos de asfalto
E o refrão que nos toma de assalto
Mal partimos de tua morada.
Consolai
Dissipai minha solidão de pária,
Na tua ampla quadra mortuária,
Bombeiros chamuscados de mistério,
E o vasto paredão do cemitério.
Nossa Senhora da Consolação,
Consolai
Das tarefas fatigantes da errância,
Procuro novas capelas tão em voga,
A santa prostituição de Dona Olga,
Consolai
Olhai, Nossa Senhora das variedades,
Pelo Sujinho, a melhor bisteca da cidade,
Pela longa lista de lojas de lustres,
Pelo Riviera dos anônimos ilustres,
Pelas seis salas do Belas Artes,
Consolai
Vago na multidão que te envenena,
Infortúnios que a miséria encena.
Em qualquer trecho desta rua,
Consolai
Nossa Senhora da Consolação,
Aforismo trágico da contradição,
Bizarra colisão entre vida e arte,
Ruga enraizada no rosto da cidade,
Nosso último verso moderno,
Consolai
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