Chuva

Chuva, chove
Cai, mata, desce veloz
Torrencial, matinal
Desgraçadamente sobre eles, nós, todos...

Inunda, transborda rios: de sangue!
De água, sem cessar...
Continua matando, transbordando
No estado do Rio; do Paraná; de São Paulo e do Ceará...

Nada de água; água prá nada.
Fogem de lá prá cá... enchente...ingente, indigente!
Para morrerem de sede; de fome
Sem amor, de dor, de saudade.

Sem saudade; de amor...
Continua caindo, sempre
Molhando, invadindo
matando-os; não eles...

Não latifundiários; não os bons
Somente os maus
Desce, chove
cresce, enche
Mata a fome: de fome
Uns, outros, todos...
(...e inunda-me também o coração!).

enchente de janeiro de 1977.

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