Alguns Poemas

Tormento

Para Maristela Mendes
Porque, enquanto um homem permanece
entre os vivos, há esperança.
Eclesiastes, IX, 4

Há essa angústia de ser humano
E os répteis
se entrincheiram no hospital
E os vermes
se preparam para devorar uma linda criança
Indecorosa orgia da dor
Cruel da degenerescência humana...

E há essa indiferença de ser humano
que transcende as raias do absurdo
Insensatez:
"Onde está o teu crachá?"
"Não tem ninguém para examinar o sangue!"
"Já estou no meu horário de saída..."

E há essa alegria de ser humano
De ter com quem contar
Ter a quem buscar
Que paira sobre todos
E a todos domina
E ama

E há essa esperança de ser humano
Na manhã que vem suave e forte
sobre a embriaguez sonora do vento
apavorando vermes e répteis

E entre a angústia, alegria e esperança
um trilho imenso de leito ao lar
onde enfermeiras e médicos
crachás e pessoas; vozes e braços
harmonizam o cântico singelo e belo:
"Ela está salva — vai!...
Maristela vive — vem!."
Domingo, 29 de julho de 1990.

Notas:
1.Conquista - município baiano de Vitória da Conquista, lugar de nascimento do autor deste poema.
2. "Em Busca do Tempo Perdido" - (parte inicial: "No Caminho de Swann") - obra máxima de Marcel Proust, tradução de Mário Quintana - Editor Victor Civita.
3.Logradouros públicos e estabelecimentos citados: permanecem com seus nomes inalterados.
4.As expressões: "cérebro emocional" e as palavras: "amígdala" e "hipocampo" são usadas no mesmo sentido na obra "Inteligência Emocional" de Daniel Goleman, tradução de Marcos Santarrita - Editora Objetiva Ltda.
5.Clemente: pai do autor deste poema, falecido em acidente de automóvel aos 37 anos de idade chegando em Vit. da Conquista.

Nu como um Yanomami

A Soares Feitosa, e à sua criação: PSI, a Penúltima!

Percorro o meu interior
E me vejo nu como um yanomami.
Ando pelas encostas do meu ser
e vejo claramente as florestas
largas e repletas de árvores fortes e floridas;
largas e repletas de frutos maduros;
largas e repletas de plantas verdes.
Ando em meio as árvores e não percebo o bosque.
em meio aos frutos e não posso comer;
em meio as plantas e não sinto o seu aroma.
Caminho em direção ao rio que vejo ao longe;
rio que tem curso calmo.
Às vezes suas águas, que nunca são as mesmas,
descem velozmente ao encontro de um mar
que é só meu, único e indescritível...impenetrável.
Ando ao encontro desse rio, cujas águas são azuis,
e chego exausto e trêmulo.
Nele molho a minh’alma que se encanta e se enleva,
e chego a perceber o bosque: imenso e úmido.
Ouço o cantar dos pássaros!
E como dos frutos das árvores próximas: maduros e doces.
Que me são permitidos comer!
E sinto o aroma das plantas adjacentes: perfume silvestre.
Cheiro suave!
Sigo atravessando o rio e não desejo chegar.
As suas margens ainda estão largas,
mas se estreitam à medida que caminho:
a passos lentos e firmes...inseguros às vezes: não desejo ainda chegar.
As suas águas continuam a bater nas encostas do meu ser.
Volto-me a mim e reconstituo o caminho de volta.
Deixo para trás um rio lento e suave a caminho do mar
que não consigo enxergar, ainda que o veja: não estou mais nu,
não me conheço. Continuo, contudo, um yanomami.

Salvador, à meia noite de 11 de janeiro/97.

Sestina do Shema

I
São palavras ordenadas por Deus
para alcançar de Suas criaturas o coração
que está longe pós-queda sem poder,
com arrogância e tristeza nalma.
Portanto do único Senhor ouve
a fim de que possa ser

II
É suprema a graça daquele ser
que busca, na sapiência, e ouve;
que ama, com exaltação, ao único Deus;
que O adora de todo coração
e com profundidade e beleza de toda a sua alma
recebe Suas palavras de poder

III
e, intimando à prole desse poder,
assentado em casa e com o fervor do coração;
andando pelo caminho aberto por esse grande Deus;
deitando, para o descanso e ronovação do seu ser;
levantando de manhã, ouve!
E atando as palavras ordenadas por sinal na sua mão,
com alegria nalma

IV
entre os seus olhos, que são as portas dessa alma,
e por testeiras que identificam O Deus,
escritas serão nos umbrais de seu coração.
Da casa, cuja entrada, dignificará o seu ser;
nas portas, para que tenha poder.
Portanto, ouve!

V
Por que, Israel, não ouve,
para o bem de sua alma?
Se na boa terra o introduziu Deus,
que havia jurado a seus pais, poder!
Emanado de Seu Ser,
de Seu Coração!

VI
Quem amou dAbraão o coração?
Quem tornou a Isaque um ser?
Quem do Senhor recebeu poder?
Quem edificou a sua alma?
Portanto, Israel, Ouve!
Porque a tudo ordenou Deus...

VII
que o tornará um ser de poder
e de alma edificada para o bem do coração
se ouve, Israel, quem o tirou da casa da servidão: Deus.

2 de janeiro de 1997.

Poema baseado no texto bíblico de Deuteronômio 6:4-9 - "Por algum tempo durante o período do Segundo Templo, esta passagem bíblica foi escolhida para ser recitada duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, por todos os judeus. Conhecida pela sua palavra inicial, Shemá, começa assim: "Escuta, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é Um". Este versículo tornou-se o lema do judaísmo. É a primeira frase a ser ensinada a uma criança judia, e a última a ser pronunciada antes de morrer." Os Judeus e o Judaísmo, pág. 268, de David J. Goldberg e John D. Rayner - Trad. Paulo Geiger e Carlos André Oighenstein - Rio de Janeiro: Xenon Ed., 1989.

Em Busca do Tempo Perdido

"Mas quando mais nada subsistisse de um passado remoto, após a morte das criaturas
e a destruição das coisas - sozinhos, mais frágeis porém mais vivos, mais imateriais
mais persistentes, mais fiéis - o odor e o sabor permanecem ainda por muito tempo,
como almas, lembrando, aguardando, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais,
e suportando sem ceder, em sua gotícula impalpável, o edifício imenso da recordação."
Marcel Proust, in No Caminho de Swann

Busco em reentrância,
minha vida em Conquista,
a infância
à semelhança do personagem
de Proust, que, aturdido,
busca a imagem
do tempo perdido
ao comer um pedaço de madalena.
Tem o seu passado presente,
ao tomar uma xícara de chá de tília na
casa de sua mãe: comovente!

Nessa visão em túnel, ouço um som.
Mesmo efeito embriagante do chá de tília.
É Garfunkel: Mr. Robinson;
Cecília!
E a suave música que passa,
de chofre, faz-me reviver o Beco dos Artistas; o Jurema
e o velho pé de Cajá, que virou praça.
Madalena!

Caleidoscópio de minha viagem que doura,
em busca do que sempre fui ali,
prossigo para o Beco da Tesoura
e ingresso no ‘Bar Aracy’:
"Que foi feito de meu arroz doce com canela?"...
Alegre e satisfeito, saio para o Colégio Anísio Teixeira
na doce irresponsabilidade do ser - e pensando nela -,
sem nenhum tostão na algibeira.
Redivivo, assim, meu cérebro emocional em
amálgama perfeito - hipocampo e amígdala - em doce recordação redolente
de uma vida distante que vem
trazer-me de volta: Clemente!

Campinas, águas de março de 1997.

Notas:
1.Conquista - município baiano de Vitória da Conquista, lugar de nascimento do autor deste poema.
2. "Em Busca do Tempo Perdido" - (parte inicial: "No Caminho de Swann") - obra máxima de Marcel Proust, tradução de Mário Quintana - Editor Victor Civita.
3.Logradouros públicos e estabelecimentos citados: permanecem com seus nomes inalterados.
4.As expressões: "cérebro emocional" e as palavras: "amígdala" e "hipocampo" são usadas no mesmo sentido na obra "Inteligência Emocional" de Daniel Goleman, tradução de Marcos Santarrita - Editora Objetiva Ltda.
5.Clemente: pai do autor deste poema, falecido em acidente de automóvel aos 37 anos de idade chegando em Vit. da Conquista.

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