Nuno Guimarães

Nuno Guimarães

Poeta e músico, a sua poesia, de natureza experimental, explora a desconstrução e a sugestão etimológica das palavras. Aproxima-se das tendências da Poesia 61, quer por uma maior atenção ao significante, quer pela recusa da discursividade e da legibilidade imediata dos conteúdos sugeridos pelo poema

1973
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Os Amorados

Na amurada dos navios, na improcedência
Das aves sem lugar, desalojados,
Vão.

E se descobrem um sinal ou um resíduo
Da terra original, é só a móvel,
A geográfica terra do sistema.

Tomados já de amor, in amorados,
Buscam só a morada, sem prefixo.

E, no entanto, há mapas, há sistemas
De orientação indica dores:
É ali, em tal lugar, em tal
Memória.

Um mito embalsamaram
No coração sem metafísica.
Entre sinais de voo e de metáfora
Entre um cantar e a sua escrita.

Palavras que rebentam....

Palavras que rebentam. Aflorando
A pedra, a solidão, deslizam, vagas,
Gramaticais, roendo inconformadas
As arestas, o atrito, puras. Quando

Nos líquidos, no éter, na distancia,
Diluem-se e morrem acabadas.
Não nos corpos, nas rugas, nas arcadas:
Combatem, rumorosas, cal e cântico.

É dificil atarem corpo e vida
Aos que vivem e morrem subjacentes
Subjazendo, talhados para mina.

Mas despertadas, bem ou mal medidas,
Rebentam em ogiva, funcionais
Chamas supostamente adormecidas.

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