José Maria da Costa e Silva
Poeta português, escritor teatral, crítico e historiador da literatura.
1788-08-15 Lisboa
1854-04-25 Lisboa
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A Corila
Vês, Corila, aquela rosa
Emulando a cor da aurora
Quando, Febo a porta abrindo,
Leda sai do Ganges fora? ...
Que maior valor tivera,
Quão mais grata fora à gente,
Se natura não a armasse
De um espinho tão pungente ...
Sua púrpura esmaltando
De seu folhame o verdor,
E nos ares difundindo
Seu aroma encantador,
Convidaram-te a colhê-la,
Mas teu dedo alabastrino
Rasgado com dor penosa
Verteu veio purpurino:
Eis, Corila, o teu retrato,
Pois se és rosa na beleza,
Tens também de rosa espinhos
Nos desdéns e na fereza.
Ah! Muda esse gênio esquivo,
Que requinta a formosura
Exalar de quando em quando
Um suspiro de ternura.
À formosa, em cujos olhos
Não arde o fogo do amor,
Eu prefiro a muda estátua,
Que formou destro escultor.
Emulando a cor da aurora
Quando, Febo a porta abrindo,
Leda sai do Ganges fora? ...
Que maior valor tivera,
Quão mais grata fora à gente,
Se natura não a armasse
De um espinho tão pungente ...
Sua púrpura esmaltando
De seu folhame o verdor,
E nos ares difundindo
Seu aroma encantador,
Convidaram-te a colhê-la,
Mas teu dedo alabastrino
Rasgado com dor penosa
Verteu veio purpurino:
Eis, Corila, o teu retrato,
Pois se és rosa na beleza,
Tens também de rosa espinhos
Nos desdéns e na fereza.
Ah! Muda esse gênio esquivo,
Que requinta a formosura
Exalar de quando em quando
Um suspiro de ternura.
À formosa, em cujos olhos
Não arde o fogo do amor,
Eu prefiro a muda estátua,
Que formou destro escultor.
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