José Maria da Costa e Silva

Poeta português, escritor teatral, crítico e historiador da literatura.

1788-08-15 Lisboa

1854-04-25 Lisboa

2188

Alguns Poemas

A Corila

Vês, Corila, aquela rosa
Emulando a cor da aurora
Quando, Febo a porta abrindo,
Leda sai do Ganges fora? ...

Que maior valor tivera,
Quão mais grata fora à gente,
Se natura não a armasse
De um espinho tão pungente ...

Sua púrpura esmaltando
De seu folhame o verdor,
E nos ares difundindo
Seu aroma encantador,

Convidaram-te a colhê-la,
Mas teu dedo alabastrino
Rasgado com dor penosa
Verteu veio purpurino:

Eis, Corila, o teu retrato,
Pois se és rosa na beleza,
Tens também de rosa espinhos
Nos desdéns e na fereza.

Ah! Muda esse gênio esquivo,
Que requinta a formosura
Exalar de quando em quando
Um suspiro de ternura.

À formosa, em cujos olhos
Não arde o fogo do amor,
Eu prefiro a muda estátua,
Que formou destro escultor.

Soneto

A morte da ilustríssima senhora D. Maria
Constância Lima Barbosa

Aquele coração, em que eu reinava,
O rosto, em que meus olhos se reviam,
Os lábios, que a voz doce desprendiam,
Que de minha alma os seios penetrava:

O peito, que a meu peito eu apertava,
Os braços, que amorosos me cingiam,
Mil graças, prendas mil, que revestiam
O encantador objeto, que adorava.

Tudo ao sepulcro foi com Márcia, aquela
Que eu tanto celebrei na ebúrnea lira,
Na estação juvenil, jucunda, e bela.

Márcia! Márcia cedeu da morte à ira?...
Oh! como poderá viver sem ela,
O amante, que por ela em vão suspira?

Biografia Videos Livros

Dramaturgo, escreveu e traduziu cerca de duzentas peças teatrais e «elogios dramáticos», textos de circunstância muito em voga na época, tratando temas como a abertura das Cortes (Juramento de Marte), a Vila-Francada (A Rebelião Debelada) ou o triunfo de D. Pedro IV (Festejo de Génios).Traduziu nomeadamente Os Argonautas, de Apolónio de Rodes, Rei Lear e Macbeth, de Shakespeare, Catão, de Adison, e Saul, de Alfieri. Colaborou no jornal O Ramalhete e na Revista Universal Lisbonense. O seu melhor poema, escrito aos dezassete anos (O Passeio), mereceu os elogios de José Agostinho de Macedo e de Garrett; quanto às suas obras narrativas, Leonido ou Os Amantes Suevos (1836) e O Espectro ou a Baronesa de Gaia (1838), sobre temas tradicionais e medievais, à imitação de Walter Scott, são cronologicamente das primeiras ficções românticas que se escreveram em português.Obra digníssima de menção e ainda hoje uma das mais úteis no seu género é o Ensaio Biográfico-Crítico sobre os Melhores Poetas Portugueses (1850-1855), em dez volumes.

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O Público Tribunal de Sabóia ou A Testemunha Invisível

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A Capela Arruinada ou A Testemunha Invisível

Clara de Rosemberg ou Sacriflcio Sublime

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