Manuel da Silva Gaio
Manuel da Silva Gaio foi um poeta, teorizador e ensaísta português.
Coimbra
1934 Coimbra
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Soneto de Amor
Ainda o mundo uma vez lembre, Senhora,
Aquele ermo abandono e sorte escura
Do verme que morreu na vã tortura
De certa Estrela amar - tão alta embora!
Porque desde que sinto, como agora,
Quanto de mim sois longe - Astro da Altura! -
Com sua inconsolável desventura
A minha já comparo, a cada hora.
Maior é, todavia, o meu quinhão
Na mágoa semelhante: se jamais,
De mudo,espalhou ele a próprio dor,
Inutilmente vara a solidão
A queixa que me ouvis, pois duvidais
De que eu também por vós morra de amor.
Aquele ermo abandono e sorte escura
Do verme que morreu na vã tortura
De certa Estrela amar - tão alta embora!
Porque desde que sinto, como agora,
Quanto de mim sois longe - Astro da Altura! -
Com sua inconsolável desventura
A minha já comparo, a cada hora.
Maior é, todavia, o meu quinhão
Na mágoa semelhante: se jamais,
De mudo,espalhou ele a próprio dor,
Inutilmente vara a solidão
A queixa que me ouvis, pois duvidais
De que eu também por vós morra de amor.
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