Silêncio

Pouco te importa o meu sofrer insano
e que eu viva, afinal, como hoje vivo,
nessa angústia de pássaro cativo,
a andar de desengano em desengano!

Já não tenho ilusões nem mais me engano
com a minha existência sem motivo,
pois não creio em, depois, ver redivivo
o vigor de outros tempos, espartano.

Ver-me-ás, entretanto, silencioso e mudo,
nem um lamento de meu lábio triste
ouvirás nunca mais, depois de tudo!

Calado e triste há de me ver agora,
sem o vigor de quando tu surgiste,
tecendo versos pela vida a fora...

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