Ângelo Monteiro

Subterrânea voz, então desperta
do silêncio da página esquecida,
qual da concha mais íntima, ferida,
áureas cordas vibrando em cada verso

que espadanas das mãos, como os cabelos
longos dos vossos príncipes esguios
aurifluindo, em seus ombros, como rios
de protesto ou em líricos novelos

de sol cristalizado ou, mais ainda,
tal cordas de algum morto violino
há muito sepultado nos teus seios

se secreta mulher ou musa extrema
valsando, sem cessar, seu destino
sem passar dos limites do poema.

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