O Adeus de Pituca
Pituca chegou como uma semente de sol. Era mansa, peluda. Os olhos, de ferrugem. Crescia Pituca nas manhãs de chuva. Crescia o riso nos lábios de Gerlanda. Tantas foram as gracinhas de Pituca. Conhecia as mãos de sua dona, o coração, a lágrima. Se a alma era cinza de Gerlanda, a de Pituca suspirava pelos cantos da casa. Havia um olhar sofrido no olho amarelo de Pituca vendo os sonhos desfeitos de sua dona. Pituca amava. Ouvia música. Imaginava um mundo melhor navegado de cardumes vermelhos. Andava claudicando e arranhava as portas. Pituca era a estrela de mercúrio. Pássaro sem asas, borboleta marrom na janela. Carinhos, conversas no adentrado da noite. Companheira de um tempo perdido. O biscoito mordido, brinquedo de Pituca. Segredos marcados no ponteiro do relógio. A melodia do fim amanhou a doença. O amor era verde no coração de Pituca. Amor que só os cães trazem no afago. Gerlanda guardava na concha das mãos o choro, o latido, o andar, o riso, o pelo de Pituca. Foram idades, aniversários, Natais, Pituca.
Abril mês charmoso, cativante. Mês de flores, quaresmeiras, ipês amarelos. Mês em que o sol aquece a face e banha de alfazema a pele. Mês escolhido para a canção de despedida. Em abril Pituca se foi ao país dos duendes. Deixou lembranças, um choro doído, um aperto no coração de Gerlanda. Anjinhos lilases tocavam blues e Pituca levava no corpo o mundo de Gerlanda.
No inverno o vento traz o choro vestido de ausência.
Pituca habita uma estrela azul e sonha
com Gerlanda.
Abril mês charmoso, cativante. Mês de flores, quaresmeiras, ipês amarelos. Mês em que o sol aquece a face e banha de alfazema a pele. Mês escolhido para a canção de despedida. Em abril Pituca se foi ao país dos duendes. Deixou lembranças, um choro doído, um aperto no coração de Gerlanda. Anjinhos lilases tocavam blues e Pituca levava no corpo o mundo de Gerlanda.
No inverno o vento traz o choro vestido de ausência.
Pituca habita uma estrela azul e sonha
com Gerlanda.
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