Memórias

(a meu pai)

Enquanto eu corria descalço
pisando em estrelas
meu pai numa labuta infinda
enfrentava o sol

Às noites com seu violão
que nunca chegou a dedilhar
espalhava sua poesia no ar
Velho poeta, ninguém como você
soube cantar o amor e a dor dos
seus dias

É pena que o mundo conheça apenas
os escritores feitos
e desconheça a poesia de um lavrador

Os anos foram tantos
os sonhos de menino
perderam-se no barquinho
que num dia de chuva
naveguei

Meu pai hoje velho
resistiu a tudo
e por detrás do muro
vejo o seu vulto

Pensando no menino que se fez homem.

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