Divididos os idos in dimidio dierum meorum
Divididos os idos in dimidio dierum meorum
vadam ad portas inferi
in dimidio dierum midnight
she knocked at the door in Chelsea à porta
do coração — nos assombrados olhos
tacebit pupfila in oculo meo
e bato à porta do inferno e bato
ad portam paradisi
e aos surdos anjos e aos demônios surdos
emudece no olho a pupila — a minha —
e de olho a olho
sidera
considera:
considerei os astros, Musa,
Musa, Palatini referamus Apollinis aedem:
ali sob o reinado de Hilarius Bogbinder
entre os lençóis de linho e os limões verdes
floresciam as sardas ao redor de teus seios
tua beleza ferruginosa suplicava
os ruivos travesseiros:
chegava Jéssica lavada pelos sumos da lua
chegava por Santa Clara
Ariston
in dimidio dierum meorum:
pois me refiro a Jéssica ao buscar Afrodite
per talos
me Veneram quaerente:
e era uma vez a Infanta do crepúsculo
seus cabelos pesavam nove libras de ouro — e era uma vez
o céu de Coritiba e o vestido escocês
e era sempre Isabella
e o vento vindo de novembro pelo Paraná
me Venerem quaerente
pois quérulo me vou pelas veredas
buscando Vênus:
e onde tornozelos
— ancas
onde ancas
— tua cintura fina
onde tua cintura
— a dança
onde a dança
— Afrodite
e por ali
rastro de Apolo
poetae Venerem quaerenti — Apolo
no inventado rosto
inventa o coração
Chegávamos de junho e julho e agosto
vínhamos às vezes do mar da aurora e às vezes
cavalgávamos serras de saudades — outras
partíamos da noite enluarada
e os tropeiros na estrada tiravam o chapéu
na saudação ao poeta:
palmilhado o silêncio
no rumo da palavra
e onde sua sílaba
por alí Apolo
ludum ludendum ludens
e quando a madrugada explica a rosa
se explica o coração na pálpebra explicada:
mas ai de ti, Louis,
Louis Alphonse Donatien
na boca encarcerada morde
o cerrado botão da rosa muda — e queima
nos olhos moribundos queima a antífona
do próprio requiem —
mas Apolo
desabrocha à lira
a louvação da flor:
a corola celebra teus cabelos
a virilha celebra nome e nume
e este é o ludus do amor
a delta digo ao teu ouvido D e fundo
o alfabeto
em Lambda Delta Beta Kappa:
e assim te chama a língua sábia
o lábio o seio o umbigo a orquídea
a curva pígia
— por isso
uma noite me castraram as Fúrias Eríneas
e os eunucos dividiram entre si o pênis ceifado
e à negra relva o milagre de teu sopro
o ergueu de novo
e cem vezes mil vezes me castraram as Fúrias Eríneas
e os eunucos comiam as rodelas decepadas
mas és mágica e cem vezes
mil vezes
traziam das entranhas e entre antúrios
em seu pendão de cana florescia de novo
a cabeça do príncipe perene
no júbilo do orvalho entre os antúrios
E muita noite
quebrada a flauta
não cessava a melodia — tenho lábios
viciosos de música e de sopro
entre os dedos
teu corpo no ar
e de horizonte a horizonte
modulada canção se desferia
da fonte do desejo — pois ali
nessa clave de lua era soprada a rosa:
E sopro a flauta a rosa súplice
e a canção te compõe e decompõe
de seio a seio
Tanjo a ovelha da letra ovelha à ovelha
toureio o touro da palavra
picador banderilheiro
no trapézio dos chifres perde o solo a sílaba
do coração — e os olhos
guardam gota a gota
a espada matadora
pois tourovelha toureirotouro
arrebanha rebanho vivo
rebanho à morte —
e um dia
há de restar de mim o pranto de Erifânia.
Erifânia!. Erifânia!
Pois busco ovelha por ovelha
e touro a touro enfrento
y me aúlla la perra
Maira la perra
um morto um vivo um touro —
e salto
picador de ditongos e tritongos
sou o amante das Fúrias Eríneas
Eumênidas
Eumênidas
pica —
dor
me castraram de novo
e me busco no ventre das Eríneas
e encontro ao ladrido da perra
Erígona
e Erifânia —
— Erifânia
canta a dor adorada — picador do touro
pica as fúrias amadas
entre as doces ovelhas ao ladrido
de la perra Maira farejando
dissílabos trissílabos tetrassílabos
e chego ao pentassílabo per talos
a brisa violeteira violava
os irados cabelos dessa Moira
e ela ao vento favônio
— Musae, favete —
lavava o favo das pupilas de mel:
mas quem se esqueceria de teus olhos
Isabela Isavela
quem desse verde navegado pelas
borboletas em cio?
Pela perra Maira
a língua varada pela lança
por Maira e Moira
por Erígena e Erifânia e as Eumênídas
Pelas Fúrias Eríneas pela Musa pelas léguas
vou lendo o chão.
vadam ad portas inferi
in dimidio dierum midnight
she knocked at the door in Chelsea à porta
do coração — nos assombrados olhos
tacebit pupfila in oculo meo
e bato à porta do inferno e bato
ad portam paradisi
e aos surdos anjos e aos demônios surdos
emudece no olho a pupila — a minha —
e de olho a olho
sidera
considera:
considerei os astros, Musa,
Musa, Palatini referamus Apollinis aedem:
ali sob o reinado de Hilarius Bogbinder
entre os lençóis de linho e os limões verdes
floresciam as sardas ao redor de teus seios
tua beleza ferruginosa suplicava
os ruivos travesseiros:
chegava Jéssica lavada pelos sumos da lua
chegava por Santa Clara
Ariston
in dimidio dierum meorum:
pois me refiro a Jéssica ao buscar Afrodite
per talos
me Veneram quaerente:
e era uma vez a Infanta do crepúsculo
seus cabelos pesavam nove libras de ouro — e era uma vez
o céu de Coritiba e o vestido escocês
e era sempre Isabella
e o vento vindo de novembro pelo Paraná
me Venerem quaerente
pois quérulo me vou pelas veredas
buscando Vênus:
e onde tornozelos
— ancas
onde ancas
— tua cintura fina
onde tua cintura
— a dança
onde a dança
— Afrodite
e por ali
rastro de Apolo
poetae Venerem quaerenti — Apolo
no inventado rosto
inventa o coração
Chegávamos de junho e julho e agosto
vínhamos às vezes do mar da aurora e às vezes
cavalgávamos serras de saudades — outras
partíamos da noite enluarada
e os tropeiros na estrada tiravam o chapéu
na saudação ao poeta:
palmilhado o silêncio
no rumo da palavra
e onde sua sílaba
por alí Apolo
ludum ludendum ludens
e quando a madrugada explica a rosa
se explica o coração na pálpebra explicada:
mas ai de ti, Louis,
Louis Alphonse Donatien
na boca encarcerada morde
o cerrado botão da rosa muda — e queima
nos olhos moribundos queima a antífona
do próprio requiem —
mas Apolo
desabrocha à lira
a louvação da flor:
a corola celebra teus cabelos
a virilha celebra nome e nume
e este é o ludus do amor
a delta digo ao teu ouvido D e fundo
o alfabeto
em Lambda Delta Beta Kappa:
e assim te chama a língua sábia
o lábio o seio o umbigo a orquídea
a curva pígia
— por isso
uma noite me castraram as Fúrias Eríneas
e os eunucos dividiram entre si o pênis ceifado
e à negra relva o milagre de teu sopro
o ergueu de novo
e cem vezes mil vezes me castraram as Fúrias Eríneas
e os eunucos comiam as rodelas decepadas
mas és mágica e cem vezes
mil vezes
traziam das entranhas e entre antúrios
em seu pendão de cana florescia de novo
a cabeça do príncipe perene
no júbilo do orvalho entre os antúrios
E muita noite
quebrada a flauta
não cessava a melodia — tenho lábios
viciosos de música e de sopro
entre os dedos
teu corpo no ar
e de horizonte a horizonte
modulada canção se desferia
da fonte do desejo — pois ali
nessa clave de lua era soprada a rosa:
E sopro a flauta a rosa súplice
e a canção te compõe e decompõe
de seio a seio
Tanjo a ovelha da letra ovelha à ovelha
toureio o touro da palavra
picador banderilheiro
no trapézio dos chifres perde o solo a sílaba
do coração — e os olhos
guardam gota a gota
a espada matadora
pois tourovelha toureirotouro
arrebanha rebanho vivo
rebanho à morte —
e um dia
há de restar de mim o pranto de Erifânia.
Erifânia!. Erifânia!
Pois busco ovelha por ovelha
e touro a touro enfrento
y me aúlla la perra
Maira la perra
um morto um vivo um touro —
e salto
picador de ditongos e tritongos
sou o amante das Fúrias Eríneas
Eumênidas
Eumênidas
pica —
dor
me castraram de novo
e me busco no ventre das Eríneas
e encontro ao ladrido da perra
Erígona
e Erifânia —
— Erifânia
canta a dor adorada — picador do touro
pica as fúrias amadas
entre as doces ovelhas ao ladrido
de la perra Maira farejando
dissílabos trissílabos tetrassílabos
e chego ao pentassílabo per talos
a brisa violeteira violava
os irados cabelos dessa Moira
e ela ao vento favônio
— Musae, favete —
lavava o favo das pupilas de mel:
mas quem se esqueceria de teus olhos
Isabela Isavela
quem desse verde navegado pelas
borboletas em cio?
Pela perra Maira
a língua varada pela lança
por Maira e Moira
por Erígena e Erifânia e as Eumênídas
Pelas Fúrias Eríneas pela Musa pelas léguas
vou lendo o chão.
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