pedreira

para Paulo Leminski
o tempo pós
o fez diverso:
pedra
eterna, fixa
dura, pesada
imóvel, muda
cega, surda

mas perene
sólida
como sua vida
poesia pura do tempo

pedra-chama
teimando eternamente
como alma consistente

ascensão e queda

no centro do lago
no mais profundo
no mais escuro
no redemunho
no furo
no fio
o fim
do fio
do furo
do redemunho
do mais escuro
do mais profundo
ao centro do lago

iôiô
acima sem saída
até as margens sem alcance
na descida a ilusão de ascender

aos céus

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