Janela do Passado

Debruçado na janela do passado,
Ao longe, distingui longos caminhos,
Repletos de cardos e de espinhos,
Em fileiras de um lado e de outro lado!

Lembrei-me de mim mesmo, hoje isolado,
Nos lugares desertos e mesquinhos,
Qual ave a cantar fora dos ninhos,
Num gorjeio saudoso e sufocado...

Se a criancinha encosta-se ao peito,
Que sorrindo ou chorando, a sorte escrava,
Não me permite aconchegá-la ao peito!...

Espelho sou de luz amortecida;
Foge de mim quem outrora me abraçava,
É uma vida sem vida, a minha vida!...

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