In Solitudine

Quando o jardim se ensombra e a noite desce,
Deste fogo, que em vão julguei sepulto,
Sinto que a extinta chama reaparece...
E o incenso em espirais sobe a teu culto...

Desde que vi o teu sereno vulto
Vivo assim, de mãos postas, numa prece!
Mas enquanto por ti anseio e exulto,
— Teu corpo — imenso lírio — alto, floresce...

Passaste em tua glória e não me viste.
E hoje até mesmo do meu ser prescindo
Para rever-te o olhar sereno e triste.

E por te desejar numa ânsia louca,
À noite sonho que tu vens sorrindo
Povoar de beijos minha fria boca...

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