O Cavalo das Horas

era um cavalo negro sem tamanho
no prado sul do mundo onde corria
o sangue dos ginetes destroçados

era um cavalo grosso reluzente
varando espaços fortes velozmente
tangido a um prado e a outro sempre-sempre

era um cavalo branco frio mudo
em cujos olhos crianças se atiravam
na sela da manhã no chão no limbo

era um cavalo horáculo fogoso
sustentando o peito três medalhas
de heróis tombados sobre o véu do muro

era um cavalo azul de tanto medo
de patas farejando o firmamento
onde pessoas e prantos misturaram-se

era um cavalo verde só de sono
que carregava os tristes para um outro
campo de plantação devasso / puro

era um cavalo novo nova idade
secular instrumento da discórdia
que não subia ao céu nem ia à terra

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