Sacrilégio
Morreu. Brilha na alcova um círio fumarento:
Nua, solto o cabelo, inteiriçada e fria,
Dentro do esquife como um ídolo agourento
Resplandece ao fulgor de acesa pedraria.
O olhar gelado exala um fluido luarento ...
Arde em rolos o incenso; estruge a ventania;
É noite; a neve cai... e um triste encantamento
Circula na mudez da câmara sombria.
Chego, mudo, a tremer, do seu féretro junto,
Desvaira-me o esplendor dessa carne querida,
Seduz-me a tentação do seu corpo defunto...
E o mesmo ardente anelo, o mesmo ideal transporte,
Toda a louca paixão com que eu a amei na vida
Sinto-a com o mesmo ardor na volúpia da morte...
Nua, solto o cabelo, inteiriçada e fria,
Dentro do esquife como um ídolo agourento
Resplandece ao fulgor de acesa pedraria.
O olhar gelado exala um fluido luarento ...
Arde em rolos o incenso; estruge a ventania;
É noite; a neve cai... e um triste encantamento
Circula na mudez da câmara sombria.
Chego, mudo, a tremer, do seu féretro junto,
Desvaira-me o esplendor dessa carne querida,
Seduz-me a tentação do seu corpo defunto...
E o mesmo ardente anelo, o mesmo ideal transporte,
Toda a louca paixão com que eu a amei na vida
Sinto-a com o mesmo ardor na volúpia da morte...
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