Sol

De desconforto
ardia à natureza,
Esvaecida da luz que lhe inflamara,
Em incertas, luminosas e claras horas.
Que de tantas foram doces e amargas,
Quebrantadas pela dama que se avizinhara,
Ferindo a claridade como negra faca.

E o céu de um azul esplendoroso,
Agonizava agora em tons opacos,
Para sangrar em real vermelho.
Gritando o prenúncio primeiro,
De que ainda muito cedo,
Moribundo morreria em preto.

Estando o mundo preso,
Sob imenso bloco negro,
No breu da abóbada gigantesca
Restou do sol o espelho.
Em estrondosa lua cheia
Como o prenuncio verdadeiro,
Do retorno da luz a seu reino.

E depois das escuras horas,
Retorna com fugaz frescor e alvor
Em esplendorosa alvorada de cores,
Rasgando o negro manto da noite.
Como quem resgata a vida da morte,
Vivificando de novo a natureza,
Desde seu primeiro e ardente beijo
Até o escaldante Sol do meio-dia.

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