António Lobo Antunes

António Lobo Antunes

António Lobo Antunes é um escritor e psiquiatra português.

1942-09-01 Lisboa
44902
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Prémios e Movimentos

Camões 2007

Alguns Poemas

Romancista. Proveniente de uma família da grande burguesia portuguesa, licenciou-se em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Exerceu a profissão no Hospital Miguel Bombarda em Lisboa, dedicando-se desde 1985 exclusivamente à escrita. A experiência em Angola na Guerra Colonial como tenente e médico do exército português durante vinte e sete meses (de 1971 a 1973) marcou fortemente os seus três primeiros romances. Em termos temáticos, a sua obra prossegue com a tetralogia constituída por A Explicação dos Pássaros, Fado Alexandrino, Auto dos Danados e As Naus, onde o passado de Portugal, dos Descobrimentos ao processo revolucionário de Abril de 1974, é revisitado numa perspectiva de exposição disfórica dos tiques, taras e impotências de um povo que foram, ao longo dos séculos, ocultados em nome de uma versão heróica e epopeica da história. Segue-se a esta série a trilogia Tratado das Paixões da Alma, A Ordem Natural das Coisas e A Morte de Carlos Gardel – o chamado «ciclo de Benfica» –, revisitação de geografias da infância e adolescência do escritor (o bairro de Benfica, em Lisboa). Lugares nunca pacíficos, marcados pela perda e morte dos mitos e afectos do passado e pelos desencontros, incompatibilidades e divórcios nas relações do presente, numa espécie de deserto cercado de gente que se estende à volta das personagens. António Lobo Antunes começou por utilizar o material psíquico que tinha marcado toda uma geração: os enredos das crises conjugais, as contradições revolucionárias de uma burguesia empolgada ou agredida pelo 25 de Abril, os traumas profundos da guerra colonial e o regresso dos colonizadores à pátria primitiva. Isto permitiu-lhe, de imediato, obter um reconhecimento junto dos leitores, que, no entanto, não foi suficientemente acompanhado pelo lado da crítica. As desconfianças em relação a um estranho que se intrometia no meio literário, a pouca adesão a um estilo excessivo que rapidamente foi classificado de «gongórico» e o próprio sucesso de público, contribuíram para alguns desentendimentos persistentes que se começaram a desvanecer com a repercussão internacional (em particular em França) que a obra de António Lobo Antunes obteve. Ultrapassado este jogo de equívocos, António Lobo Antunes tornou-se um dos escritores portugueses mais lidos, vendidos e traduzidos em todo o mundo. Pouco a pouco, a sua escrita concentrou-se, adensou-se, ganhou espessura e eficácia narrativa. De um modo impiedoso e obstinado, esta obra traça um dos quadros mais exaustivos e sociologicamente pertinentes do Portugal do século XX. A sua obra prosseguiu numa contínua renovação linguística, tendo os seus romances seguintes (Exortação aos Crocodilos, Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura, Que Farei Quando Tudo Arde?, Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo), bem recebidos pela crítica, marcado definitivamente a ficção portuguesa dos últimos anos. Em 2007 foi distinguido com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário de língua portuguesa. Em 2008 foram-lhe atribuídas, pelo Ministério da Cultura francês, as insígnias de Comendador da Ordem das Artes e das Letras francesas.António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 1942. Psiquiatra de profissão, iniciou a publicação da sua obra literária, para adultos, em 1979, com Memória de elefante, a que se seguiram mais de vinte romances – como Fado alexandrino (1983), As naus (1988), Não entres tão depressa nessa noite escura (2000), O arquipélago da insónia (2008), Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? (2009), Sôbolos rios que vão (2010) –, além de livros de crónicas. As vivências da Guerra Colonial (que presenciou em Angola, durante dois anos) constituem parte do substrato temático dos seus romances. Actualmente, é um dos autores portugueses mais traduzidos no estrangeiro e a sua obra tem sido muitas vezes premiada. Recordem-se algumas dessas distinções: Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (1985), Prémio Franco-Português (1987), Prémio Melhor Livro Estrangeiro publicado em França (1997), Prémio de Literatura Europeia do Estado Austríaco (2000), Prémio União Latina (2003), Prémio Ovídio da União dos Escritores Romenos (2003), Prémio Fernando Namora (2004), Prémio Jerusalém (2005), Prémio Camões (2007), Prémio José Donoso (2008).Em A história do hidroavião – único volume do Autor integrado numa colecção juvenil –, as personagens patenteiam a saudade e o desejo por um espaço/tempo vividos (em África) ou por viver (em Lisboa); embora individualizadas, nelas se reflectem os grandes e pequenos destinos de um povo, cruzando-se memórias epopeicas com a miserabilidade da vivência quotidiana. Contraponto eufórico à situação vivida, na estranha história da viagem, feita pelos protagonistas, num velho hidroavião, ecoa, a contrário, a História. Estes tópicos, pouco habituais nos textos para jovens, surgem a par de um aturado trabalho estilístico (proliferam metáforas, onomatopeias, repetições) e de uma técnica narrativa em que há um registo de várias vozes.Bibliografia: A história do hidroavião (1994), Lisboa: Contexto & Imagem.
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