Raul Brandão

Raul Brandão

Raul Germano Brandão, militar, jornalista e escritor português, famoso pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da linguagem.

1867-03-12 Foz do Douro
1930-12-05 Lisboa
3989
0
0


Alguns Poemas

Depois de completar o curso dos liceus e de frequentar o Curso Superior de Letras, Raul Brandão ingressou em 1888 na carreira militar, de que se reformou em 1911 no posto de capitão. Esta não era em todo o caso a vocação do homem cujas sensibilidade e capacidade de inteligente atenção à vida desde cedo atraíram para o exercício jornalístico (1885: colaborador em O Andaluz), que em 1889 acompanhou de perto os manifestos simbolistas das revistas Boémia Nova e Os Insubmissos, que em 1890 já publicava o seu primeiro livro, Impressões e Paisagens, que em 1892 colaborava no panfleto de inspiração anarquista Os Nefelibatas (onde se proclama que os nefelibatas são «os anarquistas das Letras, os petroleiros do Ideal, ateus do Preconceito e da Opinião Pública»), que em 1894 dirigia com Júlio Brandão e segundo os mesmos princípios a Revista de Hoje e que em 1921 havia de estar ao lado dos que fundaram a Seara Nova. Numa pormenorizada tábua cronológica do autor, incluída em Vida e Obra de Raul Brandão (1979), Guilherme de Castilho dá-nos conta da inépcia bélica de R. B., através do seguinte registo das classificações que obteve nas provas a que foi submetido no Regimento de Infantaria n°. 6, no Porto, em 1893: «Tiro: atirador de 2ª. classe; ginástica: medíocre; esgrima: medíocre.» A sua vida decorreria depois entre a Foz do Douro, que frequentemente informa os textos que se reportam à infância, a Casa do Alto, numa quinta perto de Guimarães que lhe proporcionaria um mais directo contacto com a terra e os ciclos da Natureza, e prolongadas estadas em Lisboa. Conviveu com Pascoaes, Correia de Oliveira, Batalha Reis, Jaime Cortesão, Aquilino, Manuel Mendes, António Nobre (que é objecto da sua atenção no 1º. volume das Memórias), entre muitos outros. E com Columbano (que lhe pintou dois retratos), António e Carlos Carneiro, já que Raul Brandão também se dedicou à pintura. É muito difícil enquadrar a escrita de Raul Brandão em géneros literários específicos, porque nem só os seus 3 vols. de Memórias oferecem uma forte componente memorialística (da memória pessoal à memória histórico-política) e não só de ficção, mas também de uma muito sentida observação da realidade e da condição humana, vivem os contos naturalistas de Impressões e Paisagens ou mesmo livros de carácter mais onírico ou fantasmático, como Os Pobres, Húmus e A Farsa. Do mesmo modo, a mais pequena crónica, o mais pequeno apontamento – e não só os volumes de teatro – parecem atravessados quase sempre de um forte sentido dramático, ainda quando a ironia e o grotesco não deixem de estar presentes. Raul Brandão não escreveu poesia. E no entanto, se houvesse que dar-lhe um nome que tentasse reunir, sem excluir nenhuma, todas as qualidades da sua prosa, esse só podia ser o de poeta: porque é na verdade uma profunda intuição poética que parece estar nas entranhas desta escrita fragmentária, indisciplinada e sempre movida por um obstinado, visionário mas clarividente lirismo. As suas Memórias são frequentemente memórias da sensibilidade e de uma emocionada apreensão da vida: só um poeta poderia, como ele, evocar uma laranjeira que, «de velha e tonta, deu flor no inverno em que secou». Nessa capacidade transfiguradora podemos reconhecer o nefelibata de que se reclamou, mas o que contraditoriamente lhe confere uma agudeza muito peculiar é que Raul Brandão não andava tanto nas nuvens como isso. A esse respeito é ainda Guilherme de Castilho quem, citando o próprio R. B., aponta que «é a dor em estado puro – a dor de quem sofreu como se corta uma árvore – que constitui a matéria básica da sua obra» (cf. «Três facetas da personalidade literária de Raul Brandão», in Catálogo da Exposição Biblio-Iconográfica Comemorativa do Cinquentenário da Morte de Raul Brandão, Biblioteca Nacional: Lisboa, 1980). E «nessa espécie de exactidão que não vem do cérebro nem da razão mas do temperamento e do instinto» o aproxima Gaspar Simões de Bernardim Ribeiro (J. G. S., Crítica III). Se Raul Brandão assume a atitude decadentista de quem prevê a «morte da humanidade pela nevrose» (citado por Túlio Ramires Ferro, «Fim-do-século», in Dicionário de Literatura dirigido por Jacinto do Prado Coelho) – e aí ele é uma personalidade característica da literatura do fim do século e sofre-lhe o mal –, nem por isso se deixou arredar da vida o suficiente para alguma vez não denunciar nos seus textos a mais extrema e genuína capacidade de espanto diante da mesma vida. Aí, e na confessada consciência da duplicidade do «eu», a fazer lembrar Proust e Dostoievski, reside talvez a modernidade da sua prosa, que, se formalmente é ainda marcada pela referência simbolista, já tem sido considerada simultaneamente como precursora do existencialismo, de certos aspectos do neo-realismo e até do surrealismo: «Há horas em que as coisas nos contemplam, e estão por um fio a comunicar connosco. Às vezes é um nada, um momento de êxtase em que distintamente ouvimos os passos da vida caminhando [...] Ainda este ano o Maio foi tão quente que toda a noite se lavrou ao luar...» (Raul Brandão, Vale de Josafat, Memórias, vol. III).
A Alma e a Gente - II #41 - Os Pobres de Raúl Brandão - 09 Out 2004
Nós e os Clássicos - Húmus de Raul Brandão
Húmus - Raul Brandão | Hear the Bells
Raul Brandão - Húmus - Editora Carambaia
HÚMUS | Raul Brandão por Capicua
Raul Brandão Era Um Grande Escritor... (2012) #1
HÚMUS | Raul Brandão por Francisco José Viegas
O Essencial Sobre Raúl Brandão
"Os Pobres" de Raul Brandão
Opinião - "O estrangeiro" de Albert Camus e "Húmus" de Raul Brandão
Ler Mais Ler Melhor As Ilhas Desconhecidas
MI LINDA MUCHACHITA - PAUL BRANDAO & LA RUMBA INTERIORANA
HÚMUS | Raul Brandão por Pedro Mexia
Raul Brandão 10 000 😱
Rita Capucho, codiretora do Porto Femme, lê "Os Pescadores", de Raúl Brandão
RTP | Bom Dia Portugal | Festa de Teatro Raul Brandão
U.Porto comemorou os 150 anos do nascimento de Raul Brandão
Lançamento do site dedicado a Raul Brandão
Marco Pereira, historiador, lê "Os Pescadores", de Raúl Brandão
HÚMUS | Raul Brandão por Lídia Jorge
Húmus, Raul Brandão Capítulo 1- 15 de novembro
RAUL BRANDÃO
A Casa de Raul Brandão na Cantareira
deus brandão (in 'Húmus' de Raúl Brandão - 1917)
Guimarães - Terra de Raúl Brandão
Raul Brandão Like to Manifest Quote of the day
Resumo 1ºsemanacultural RAUL BRANDÃO
Como pão para a boca - episódio 25 - excerto de "Húmus" – Raul Brandão
Raúl Brandão por Amaro das Neves
HÚMUS | Raul Brandão por Afonso Cruz
RAUL BRANDÃO - CAMARO BRANCO
Tecoree 2021 - Equipa Raúl Brandão
A morte do Palhaço_ Rui Aguiar _ Raul Brandão
O Doido e a Morte, de Raúl Brandão
III Feira da Época O casamento de Raul Brandão
IV Feira de Época - "Ao encontro de Raul Brandão " :: Vida Militar
Húmus - Raul Brandão (trecho Deus)
Rapazes e Raparigas de Mafeking - Desafio 5 || Eq. Raúl Brandão - 884
BIBLIOTECA MUNICIPAL RAUL BRANDÃO | EFEMÉRIDES | CAPELA MIGUEL
Rapazes e Raparigas de Mafeking - Desafio 3 || Eq. Raúl Brandão - 884
Rapazes e Raparigas de Mafeking - Desafio 2 || Eq. Raúl Brandão - 884
Rapazes e Raparigas de Mafeking - Desafio 6 || Eq. Raúl Brandão - 884
Rapazes e Raparigas de Mafeking - Desafio 4 || Eq. Raúl Brandão - 884
Arnaldo Brandão - Água Viva (O Baú do Raul) (O Baú do Raul​ 2004​) [Vídeo Oficial]
BIBLIOTECA MUNICIPAL RAUL BRANDÃO | EFEMÉRIDES | CAPELA MIGUEL
A Biblioteca Municipal Raul Brandão deseja a todos Boas Festas.
Bruno Tiago Cabral - Do Teatro ao Cinema: Diálogo entre Raul Brandão e Manoel de Oliveira
O hábito é que me faz suportar a vida. (Húmus) - Raul Brandão
MARTA ROML | Poemando #98: Raul Brandão
Raul Brandão - Camaro branco

Quem Gosta

Seguidores