Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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27
Pode Ir Dando Adeus a Sua Bunda
eu finalmente o conheci. ele estava sentado em um velho roupão
e reclamou por 5 horas.
"olha," ele disse, "não confie em Krause,
Krause irá roubá-lo. ele me deve 10.000 dólares
e não tem jeito de eu arrancá-los
dele. um verdadeiro safado."
"Senhor", eu disse, "quando escreveu aquele primeiro romance,
tinha tanto humor, a verdade sempre é tão engraçada,
sabe, o jeito como as pessoas agem, como coisas mecânicas cegas,
matando sem razão, maravilhoso como conseguiu por tudo aquilo
no papel."
uma velha senhora entrou e serviu-lhe uma
xícara de chá. "eles arrebentaram minha motocicleta, roubaram meus
manuscritos,
me limparam. eles teriam me matado mas eu não estava
aqui. eles me chamaram de fascista, afirmaram que eu havia vendido os
planos
da Linha Maginot aos Krauts. agora, onde diabos eu poderia ter
conseguido os planos da Linha
Maginot?"
ele serviu-se de chá. ergueu a xícara. estava quente demais
ou algo assim. ele cuspiu tudo no tapete, um pouco em
meus sapatos e calças.
"Senhor", eu perguntei, "aquele primeiro romance, o senhor realmente
comeu sua própria
carne quando era um jovem escritor? estava tão
faminto assim? meu deus, que narrativa aquela, eu nunca
a esquecerei!"
"Martha!", ele chamou. "Martha!"
a velha senhora entrou.
"você esqueceu o limão e o açúcar, sua bruxa velha!"
a velha senhora saiu correndo
para pegar o limão e o açúcar.
"o governo reclama que eu lhe devo 70.000 dólares! eles não incomodam
Krause, o filho
da puta roda por aí em um Cadillac e tem uma propriedade
de cinco hectares. nunca confie em Krause. ele é um sanguessuga. ele
sugou
os corpos e talento de pelo menos 3 dúzias de escritores. ele é como uma
aranha
gigante, uma tarântula!
"Krause nunca me pediu nada..."
"se ele pedir, você pode ir dando adeus
a sua bunda!"
Martha entrou correndo com o limão e o açúcar.
"sua maldita puta sem vergonha! eu deveria chicotear sua bunda!"
"Senhor", eu disse, "o senhor é visto como
um dos mais poderosos escritores desde 1900."
"não confie em Krause! um sanguessuga!?"
ele se queixou por 5 horas. e eu ouvi. então sua cabeça caiu para trás,
sobre o encosto da sua cadeira de balanço, e eu vi aquele
famoso perfil de águia. então ele começou
a roncar.
ele era apenas um velho em um velho
roupão.
eu me levantei. Martha entrou.
"estou contente por ter tido uma chance de encontrá-lo",
disse a ela.
"tento lembrar-me de que ele já foi um grande escritor",
ela me disse.
"ele ainda tem um certo senso de humor",
disse a ela.
"eu não acho", ela disse,
"veja, eu sou
a mulher
dele."
"boa noite", eu
disse.
"boa noite", ela
respondeu.
e reclamou por 5 horas.
"olha," ele disse, "não confie em Krause,
Krause irá roubá-lo. ele me deve 10.000 dólares
e não tem jeito de eu arrancá-los
dele. um verdadeiro safado."
"Senhor", eu disse, "quando escreveu aquele primeiro romance,
tinha tanto humor, a verdade sempre é tão engraçada,
sabe, o jeito como as pessoas agem, como coisas mecânicas cegas,
matando sem razão, maravilhoso como conseguiu por tudo aquilo
no papel."
uma velha senhora entrou e serviu-lhe uma
xícara de chá. "eles arrebentaram minha motocicleta, roubaram meus
manuscritos,
me limparam. eles teriam me matado mas eu não estava
aqui. eles me chamaram de fascista, afirmaram que eu havia vendido os
planos
da Linha Maginot aos Krauts. agora, onde diabos eu poderia ter
conseguido os planos da Linha
Maginot?"
ele serviu-se de chá. ergueu a xícara. estava quente demais
ou algo assim. ele cuspiu tudo no tapete, um pouco em
meus sapatos e calças.
"Senhor", eu perguntei, "aquele primeiro romance, o senhor realmente
comeu sua própria
carne quando era um jovem escritor? estava tão
faminto assim? meu deus, que narrativa aquela, eu nunca
a esquecerei!"
"Martha!", ele chamou. "Martha!"
a velha senhora entrou.
"você esqueceu o limão e o açúcar, sua bruxa velha!"
a velha senhora saiu correndo
para pegar o limão e o açúcar.
"o governo reclama que eu lhe devo 70.000 dólares! eles não incomodam
Krause, o filho
da puta roda por aí em um Cadillac e tem uma propriedade
de cinco hectares. nunca confie em Krause. ele é um sanguessuga. ele
sugou
os corpos e talento de pelo menos 3 dúzias de escritores. ele é como uma
aranha
gigante, uma tarântula!
"Krause nunca me pediu nada..."
"se ele pedir, você pode ir dando adeus
a sua bunda!"
Martha entrou correndo com o limão e o açúcar.
"sua maldita puta sem vergonha! eu deveria chicotear sua bunda!"
"Senhor", eu disse, "o senhor é visto como
um dos mais poderosos escritores desde 1900."
"não confie em Krause! um sanguessuga!?"
ele se queixou por 5 horas. e eu ouvi. então sua cabeça caiu para trás,
sobre o encosto da sua cadeira de balanço, e eu vi aquele
famoso perfil de águia. então ele começou
a roncar.
ele era apenas um velho em um velho
roupão.
eu me levantei. Martha entrou.
"estou contente por ter tido uma chance de encontrá-lo",
disse a ela.
"tento lembrar-me de que ele já foi um grande escritor",
ela me disse.
"ele ainda tem um certo senso de humor",
disse a ela.
"eu não acho", ela disse,
"veja, eu sou
a mulher
dele."
"boa noite", eu
disse.
"boa noite", ela
respondeu.
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