Ernesto de Melo e Castro
Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro foi engenheiro, poeta, ensaísta, escritor e artista plástico. Considerado um dos introdutores da poesia experimental em Portugal. Publicou, em 1962, Ideogramas, o primeiro livro português de poesia concreta.
Covilhã
2020-08-29 São Paulo, Brasil
2030
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Alguns Poemas
Biografia
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Livros
Natural da Covilhã, E. M. de Melo e Castro (1932-2020) licenciou-se em engenharia têxtil, pela Universidade de Bradford, Inglaterra, em 1956. Foi professor no IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing. Foi também professor convidado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Universidade de São Paulo, onde se doutorou em Letras em 1998.
E. M. de Melo e Castro participou no primeiro número da revista Poesia Experimental (1964) e foi um dos organizadores do segundo número dessa revista (1966). Organizou Hidra 2 e Operação 1, entre várias outras antologias e suplementos. A sua prática poética tem sido acompanhada por uma teorização sistemática sobre a linguagem e sobre as tecnologias da comunicação. Na sua extensa obra cruzam-se múltiplas práticas e formas experimentais: a explosão grafémica e gráfica que combina a fragmentação da palavra com a espacialização da escrita alfabética e do desenho geométrico; o poema-objecto tridimensional e a instalação; a recombinação intermédia de escrita, som e imagem em movimento; a performance que inscreve a presença corporal, vocal e gestual do autor nas práticas sociais e técnicas de comunicação; a teorização do poema como dispositivo de crítica do discurso no universo saturado dos média. A sua consciência da mediação técnica da era eletrónica reflecte-se num conjunto de obras pioneiras no uso do vídeo e do computador na produção literária, que constituem uma síntese da consciência autoreflexiva da ciência e da arte contemporâneas. Ao fazê-lo, é também a intermedialidade da escrita que é explorada, associando palavra, som, imagem e animação numa constelação significativa dotada de carácter cinético e sinestésico. O autor contribuiu deste modo, de forma decisiva, tanto enquanto poeta como enquanto ensaísta, para a promoção do hibridismo disciplinar e das formas literárias experimentais. Na sua obra no domínio da poesia concreta e visual, a atomização do significante é acompanhada pela sua espacialização no espaço gráfico da página, sendo a sua intervenção no domínio da poesia experimental igualmente marcada pela não-linearidade da escrita, em muitos casos concebida enquanto forma permutativa e combinatória. A globalidade da sua produção é atravessada pela experimentação topológica dos suportes planográficos, com inúmeras incursões orientadas para uma poética da tridimensionalidade em busca de formas significativas desniveladoras dos limites do objeto. As preocupações no âmbito da sua prática enquanto performer são em tudo semelhantes, encontrando um lugar para o corpo numa reflexão privilegiada sobre a construção de sentido na era dos meios técnicos de comunicação.
Obras principais: Queda Livre (1961), Mudo Mudando (1962), Ideogramas (1962), Objecto Poemático de Efeito Progressivo (1962), Poligonia do Soneto (1963), Versus-in-Versus (1968), Álea e Vazio (1971), Visão/Vision (1972), Concepto Incerto (1974), Resistência das Palavras (1975), Cara lh amas (1975), As Palavras Só-Lidas (1979), Re-Camões (1980), Corpos Radiantes (1982), Finitos mais Finitos (1996) e Algorritmos: Infopoemas (1998). Refiram-se ainda as antologias Ciclo Queda Livre (1973), Círculos Afins (1977), Autologia: Poemas Escolhidos 1951-1982 (1983), Trans(a)parências: Poesia I, 1950-1990 (1990), Visão Visual (Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1994) e Antologia para inici-antes: 1950-2002 (Editora Ausência, 2003). As suas obras de ensaio incluem: A Proposição 2.01 (1965), O Próprio Poético (1973), Dialéctica das Vanguardas (1976), Po.Ex: Textos Teóricos e Documentos da Poesia Experimental Portuguesa (1981; com Ana Hatherly), Literatura Portuguesa de Invenção (1984), Projecto: Poesia (1984), Poética dos Meios e Arte High Tech (1986) e Vôos da Fénix Crítica (1995). Foi autor, entre outros, dos videopoemas Roda-Lume (1969, 1986), Signagens (1985-1989), Sonhos de Geometria (1993), Navegações Fractais (2001) e Gerador de Universos (2005). A sua produção recente, a partir do Brasil, inclui Antologia Efémera (2001), Livro de Releituras e Poiética Contemporânea (2008), Neo-Poemas-Pagãos (2010), Quatro Cantos do Caos (2009), O Paganismo em Fernando Pessoa (2010), A Agramaticidade das Feridas do Coração (2011) e Poemas do É (2012). Realizou diversas exposições individuais desde a década de 1960. A sua obra foi objeto de uma retrospetiva organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves: O Caminho do Leve/ The Way to Lightness (2006) e, mais recentemente, fez a exposição Do Leve à Luz, no ciclo Nas escritas PO.EX, na Casa da Escrita em 2012, em Coimbra, onde mostrou 14 novos Videopoemas (2009-2012). [Biografia escrita por Manuel Portela e Bruno Ministro]
E. M. de Melo e Castro participou no primeiro número da revista Poesia Experimental (1964) e foi um dos organizadores do segundo número dessa revista (1966). Organizou Hidra 2 e Operação 1, entre várias outras antologias e suplementos. A sua prática poética tem sido acompanhada por uma teorização sistemática sobre a linguagem e sobre as tecnologias da comunicação. Na sua extensa obra cruzam-se múltiplas práticas e formas experimentais: a explosão grafémica e gráfica que combina a fragmentação da palavra com a espacialização da escrita alfabética e do desenho geométrico; o poema-objecto tridimensional e a instalação; a recombinação intermédia de escrita, som e imagem em movimento; a performance que inscreve a presença corporal, vocal e gestual do autor nas práticas sociais e técnicas de comunicação; a teorização do poema como dispositivo de crítica do discurso no universo saturado dos média. A sua consciência da mediação técnica da era eletrónica reflecte-se num conjunto de obras pioneiras no uso do vídeo e do computador na produção literária, que constituem uma síntese da consciência autoreflexiva da ciência e da arte contemporâneas. Ao fazê-lo, é também a intermedialidade da escrita que é explorada, associando palavra, som, imagem e animação numa constelação significativa dotada de carácter cinético e sinestésico. O autor contribuiu deste modo, de forma decisiva, tanto enquanto poeta como enquanto ensaísta, para a promoção do hibridismo disciplinar e das formas literárias experimentais. Na sua obra no domínio da poesia concreta e visual, a atomização do significante é acompanhada pela sua espacialização no espaço gráfico da página, sendo a sua intervenção no domínio da poesia experimental igualmente marcada pela não-linearidade da escrita, em muitos casos concebida enquanto forma permutativa e combinatória. A globalidade da sua produção é atravessada pela experimentação topológica dos suportes planográficos, com inúmeras incursões orientadas para uma poética da tridimensionalidade em busca de formas significativas desniveladoras dos limites do objeto. As preocupações no âmbito da sua prática enquanto performer são em tudo semelhantes, encontrando um lugar para o corpo numa reflexão privilegiada sobre a construção de sentido na era dos meios técnicos de comunicação.
Obras principais: Queda Livre (1961), Mudo Mudando (1962), Ideogramas (1962), Objecto Poemático de Efeito Progressivo (1962), Poligonia do Soneto (1963), Versus-in-Versus (1968), Álea e Vazio (1971), Visão/Vision (1972), Concepto Incerto (1974), Resistência das Palavras (1975), Cara lh amas (1975), As Palavras Só-Lidas (1979), Re-Camões (1980), Corpos Radiantes (1982), Finitos mais Finitos (1996) e Algorritmos: Infopoemas (1998). Refiram-se ainda as antologias Ciclo Queda Livre (1973), Círculos Afins (1977), Autologia: Poemas Escolhidos 1951-1982 (1983), Trans(a)parências: Poesia I, 1950-1990 (1990), Visão Visual (Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1994) e Antologia para inici-antes: 1950-2002 (Editora Ausência, 2003). As suas obras de ensaio incluem: A Proposição 2.01 (1965), O Próprio Poético (1973), Dialéctica das Vanguardas (1976), Po.Ex: Textos Teóricos e Documentos da Poesia Experimental Portuguesa (1981; com Ana Hatherly), Literatura Portuguesa de Invenção (1984), Projecto: Poesia (1984), Poética dos Meios e Arte High Tech (1986) e Vôos da Fénix Crítica (1995). Foi autor, entre outros, dos videopoemas Roda-Lume (1969, 1986), Signagens (1985-1989), Sonhos de Geometria (1993), Navegações Fractais (2001) e Gerador de Universos (2005). A sua produção recente, a partir do Brasil, inclui Antologia Efémera (2001), Livro de Releituras e Poiética Contemporânea (2008), Neo-Poemas-Pagãos (2010), Quatro Cantos do Caos (2009), O Paganismo em Fernando Pessoa (2010), A Agramaticidade das Feridas do Coração (2011) e Poemas do É (2012). Realizou diversas exposições individuais desde a década de 1960. A sua obra foi objeto de uma retrospetiva organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves: O Caminho do Leve/ The Way to Lightness (2006) e, mais recentemente, fez a exposição Do Leve à Luz, no ciclo Nas escritas PO.EX, na Casa da Escrita em 2012, em Coimbra, onde mostrou 14 novos Videopoemas (2009-2012). [Biografia escrita por Manuel Portela e Bruno Ministro]