Balanço
Enquanto o mundo se rasga ao meio
Por sua própria natureza
Como se tivesse algo em si
De humanidade e culpa
Eu, náufrago
Naufrago
Tentando emergir
Submerso
De algo mais que o menos contraditório
Desde o tenro átomo
Ao abraço do universo
E a música, a trilha sonora
Não minha, a do mundo
Continua, contínua
Indefinidamente, alheia a tudo
E a mim no meio
Bela, extremamente bela
Como se tudo fosse nada
- não é, de fato –
Como se não houvesse amanhã
- não há, por certo –
Exceto o mais nojento rato
E o mais asqueroso inseto
Acaso não é quando percebemos
- Percebamos -
Que há em tudo algo de incorreto?
E as cordas vibram, sem nota
Sem notar a gente roda
Sem notar, a gente roda
Sem notar a gente, roda
Numa valsa qualquer coisa de ensaio
Como nunca saio
Dos passos de um eterno afogamento.