quaglino

TROTE

De tanta solidão

andava no cavalo cego.

Imaginado desertos,

sonhando enormes quimeras.


O horizonte longe indistinto

miragem tremeluzente.

E a dor forte e acesa

misturando nuvens e tristeza.


Em passo estranho

a vida lúcida, abstrata

repetia as batidas

daquele trotar sombrio.


De tanta solidão

apagou-se no vão do silencio.

Se foi marchando lúgubre

até o fim de si mesmo.


Autor: PA - Poemas Inconclusos.

VOO

Te amei tanto!

Mas amei num silêncio sem perdão

que hoje grita absurdos.


Despenquei do abismo

e sem tuas asas

descobri que o tombo,

longo e demorado,

era cor de púrpura e sangue,

sol de saudades inconfessáveis.


De braços abertos voei às cegas,

intui o impacto seco e ancestral,

na verdade um toque de pluma

de antigas angústias, um flerte.


E ainda amo tanto

que nem se faz de queda esse vazio

e enquanto não me esborracho,

insisto em perseguir esse amor.


Autor: PA - Poemas inconclusos.

PENHASCOS

Te imaginar

me queima, arde.

Destila lágrimas

coloridas de saudade.


Abandona um cheiro

atormentado de alegria.

Toque áspero

da seda de teu beijo.


Me traz de volta

de alturas infinitas.

Teus olhos serenos

de incertos penhascos.


Autor: PA - Poemas Inconclusos.

VISÃO

À luz de velas

vejo apenas do teu corpo

a silhueta que se esconde.

E meio tonto me pergunto

que alma habita tanta distância.


Sou livre, artista, profeta,

sou louco, sou carne e amor,

sou só, incompleto, poeta.


Autor: PA - Poemas Inconclusos.