

Paulo Sérgio Rosseto
Porto Seguro/BA. Poeta.
Livros Publicados: 21
Livros no Prelo: 04
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1960-04-11 Guaraçai - SP
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A FÁBULA DOS NOVOS TEMPOS
PRIMEIRO DE MAIO DE DOIS MIL E VINTE E UM, e escuto gente dizendo que estamos definitivamente mergulhados na era digital e no tão propalado home office.
Que a pandemia em definitivo ensinou a todos, principalmente brasileiros, essa nova modalidade laboral. Trabalha-se à distância.
Sim, ninguém mais precisa sair de casa, cumprir horários, enfrentar trânsito, submeter-se a longos percursos utilizando os próprios veículos ou o transporte público. Que ampliou e permitiu um maior e melhor convívio familiar, pois pais e mães não se deslocam mais para as suas empresas, e por conseguinte, filhos estudam online; e isso permite interação ampla e irrestrita, reaprendendo a todos o quão saudável, necessário e gostoso é o convívio diário entre cônjuge e a prole.
É, a impressão que tenho é a de que quem assim pensa e age ou está gozando de um privilégio sobrenatural ou não está enxergando um palmo da realidade diante do nariz, e se está, tá tirando onda com a cara do povo.
Se a massa diuturnamente não sair pra rua para cumprir no mínimo 44 horas de jornada de trabalho semanal, perdão, mas quem irá lavar suas roupas, fazer seu almoço, colocar o bico da bomba de gasolina na boca do tanque do seu carro, entregar seu delivery, tirar o leite da sua vaca, obturar os dentes de seus filhos, trocar a lâmpada queimada do poste, recolher os enormes sacos com o lixo que você produz e larga ali fora do portão do seu quintal?
Estamos vivendo uma fome quase que sem precedentes. Uma desigualdade social inimaginável, um desgoverno epidemiológico sem fim.
Esse Primeiro de Maio tem muito mais que 24 horas. Tem a duração da falta de trabalho, a extensão das dores da alma, o comprimento do buraco na barriga e a insignificância de mais um boleto vencido sem condições de ser pago.
Haverá home office enquanto houver quem sustente com as próprias mãos e salgado suor, o tráfego que mantém plugados os gigabytes de sua internet.
Se não é trabalho será falso, senão ócio.
www.psrosseto.webnode.com
Que a pandemia em definitivo ensinou a todos, principalmente brasileiros, essa nova modalidade laboral. Trabalha-se à distância.
Sim, ninguém mais precisa sair de casa, cumprir horários, enfrentar trânsito, submeter-se a longos percursos utilizando os próprios veículos ou o transporte público. Que ampliou e permitiu um maior e melhor convívio familiar, pois pais e mães não se deslocam mais para as suas empresas, e por conseguinte, filhos estudam online; e isso permite interação ampla e irrestrita, reaprendendo a todos o quão saudável, necessário e gostoso é o convívio diário entre cônjuge e a prole.
É, a impressão que tenho é a de que quem assim pensa e age ou está gozando de um privilégio sobrenatural ou não está enxergando um palmo da realidade diante do nariz, e se está, tá tirando onda com a cara do povo.
Se a massa diuturnamente não sair pra rua para cumprir no mínimo 44 horas de jornada de trabalho semanal, perdão, mas quem irá lavar suas roupas, fazer seu almoço, colocar o bico da bomba de gasolina na boca do tanque do seu carro, entregar seu delivery, tirar o leite da sua vaca, obturar os dentes de seus filhos, trocar a lâmpada queimada do poste, recolher os enormes sacos com o lixo que você produz e larga ali fora do portão do seu quintal?
Estamos vivendo uma fome quase que sem precedentes. Uma desigualdade social inimaginável, um desgoverno epidemiológico sem fim.
Esse Primeiro de Maio tem muito mais que 24 horas. Tem a duração da falta de trabalho, a extensão das dores da alma, o comprimento do buraco na barriga e a insignificância de mais um boleto vencido sem condições de ser pago.
Haverá home office enquanto houver quem sustente com as próprias mãos e salgado suor, o tráfego que mantém plugados os gigabytes de sua internet.
Se não é trabalho será falso, senão ócio.
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