A Dignidade do Justo em Terra de Lama
Abalados estão os fundamentos valorativos
Desta podre terra, tudo sem leme moral.
A dignidade é artigo decorativo na publicidade.
Os que vencem, que dominam tudo?
Os crápulas engordando vantagens.
Os que estão com a boca suja de petróleo,
Com os dentes amarelos nos big techs.
Os que lucram com a dor ao tercerizarem
O trabalho alheio, brincam de cortar direitos.
Vencem os que diminuem os salários mínimos,
As empresas multinacionais trituram pessoas,
Máquina que gira em nome do capital.
Perdura o sistema, com seus decretos
Carcomidos do Estado democrático de Direito.
O neo fascismo veste terno slim, uma falsa
Nova roupagem que conquista o povo.
O judiciário pune quem tem cor e bairro específicos.
E o tal divino, as instituições da cristandade?
Úteis ferramentas para domar vontades,
Controlar corpos, silenciar liberdades
Em nome de uma tosca moralidade
E de espúrios interesses políticos.
Mas, apesar de tudo, do mundo maltrapilho,
É preciso continuar. Continuar a ser bom.
Porque a bondade é um pouco que nos resta.
Hoje, o canalha é que domina,
Mas o justo é que consegue dormir em paz.
Ter bom caráter quando abusam da nossa cara.
Continuar por respeito próprio, por decência.
Continuar apesar da lama do mundo
lá fora.
Escritas.org
