Alguns Poemas

O Renegado

Eu sou o renegado, o inimigo,
O herege, o desiludido,
O cético, a tenaz pedra no sapato,
A curva diante das retas feitas de tediosas verdades.
Eu sou ninguém,
As vezes me porto na vaidade de Napoleão,
O imperador de tudo que existe,
O qual insiste, persiste
Em não ser consumido pela liturgia
Do conformismo gravado nas testas
Dos homens-ovelhas em rebanhos
Burrocraticamente estáveis no senso comum.
Eu sou a tesoura, a faca amolada, o sarcasmo,
O triste tango de Piazzolla tocado na folia do carnaval,
O provocador rock n' roll contra as mesmices das canções de amor.
Eu sou o maldito, o prisioneiro, o reservado,
O verborrágico contra os persistentes dogmas.
O lutador contra a política a favor dos opressores,
O operário que incita a rebelião contra os desmandos do patrão.
Eu sou o atrito, o trágico, o provocador,
O torcedor de um time pouco querido,
Um isolado filósofo sartreano que desfere machadadas contra valores reconfortantes.
Eu sou o inconformado, o do contra,
A ovelha negra que não vestiu o branco manto das religiões,
O amigo de poucas amizades e que deseja a cabeça dos traidores num vistoso prato.
Eu sou o homem que se consome de ódio
Contra injustiças que me prejudicam e não posso alterar.
Eu sou o tiro, o lamento do blues, o que tem dificuldade em pedir desculpas,
O professor que roda a chave da reflexão na cabeça dos alunos.
Eu sou o questionador de tudo que me dizem,
O que enfia com violência o dedo nas feridas que me causam incomodo,
O eterno rebelde em tempos petrificados em redes sociais e amores líquidos.
Eu sou o defensor do lado pouco visitado,
O viajante em busca de quentes praias,
O que cospe nas good vibes dos sacerdotes,
O que desdenha dos dúbios milagres,
O esfomeado por novas transcendências,
O que não se aliena na felicidade acéfala dos zumbis,
O antissocial que não faz coro com os imbecis.
Eu sou o esquisito, o pé torto, o peculiar,
O frio corte nos cadáveres dos ídolos públicos,
O detestado e que a poucos ama, mas com intensidade.
Eu sou a língua ferina, o pé atrás com conhecidos,
O alpinista que escala montanhas além da mediocridade,
O sombrio poema de Augusto que fertiliza o húmus de pessimismo e decompõe a matéria.
O epicurista que questiona os jardins de aparente felicidade,
A pessoa que carrega a foice e o martelo para decepar cabeças de reis e burgueses.
Eu sou o blasfemador contra verdades absolutas,
O paradoxo, a contracultura, o protesto,
A visceral canção de Belchior tateando liberdades,
O lobo que critica a alcateia firmada na corrosão da conformidade,
O dialético que internaliza as contradições da realidade em suas entranhas, que a tudo quer alterar.
Eu sou o que faz moradia em seu próprio lar,
Que de erro em erro descobriu-se e construiu os próprios alicerces.
O homem que do nascimento a sepultura
Nao será devorado por uma vida insossa e sem sentido.

Respostas e Ações Para a Questão Primordial

Acorda, um homem comum,

Emaranhado nas teias de preocupações:

Conta bancária rasa, corpo esmorecido,

Saúde em urgentes aflições, cenário desolador.

Surge a pergunta existencial,

A verdadeira questão filosófica:

"Vale a pena viver?"

"Por que não tudo se esvair?"

"É hora de se libertar de toda agonia?" -

Sussurros no silêncio do desespero.

 

Busca organizar os pedregulhos,

Colocar os problemas de forma

Que caibam na prateleira da paciência,

Novamente insiste em desenvolver

Hábitos que sejam combustíveis

Que alimentem a persistência,

Não sucumbir à vida incerta.

Fraqueza, cansaço, desânimo,

Companheiros constantes no dia-a-dia,

Obstáculos do árduo caminhar.

 

Mais uma vez, a cruel indagação,

"Por que não?" a lhe recordar.

Mas ele persiste, em teimosia e vontade,

A abafar no peito a atormentadora pergunta.

 

Assim segue o homem comum,

Na batalha contra o mal-estar,

Tentando desvendar o sentido,

Na espiral de desilusão e cansaço.

Com ideias sombrias, a mente aflita,

Sentindo doenças e situações corriqueiras Roubar-lhe o bem-estar, as responsabilidades pesando.

 

Em alguns momentos de ânimo tenta

Encontrar significado na conexão com os outros,

Nos sentimentos, nos momentos prazerosos.

Cansado, dolorido, desanimado há dias,

Tenta, mesmo com o crânio desolado,

As vértebras de otimismo esfaceladas,

O corpo dando sinais de fraqueza,

Se renovar e abraçar mais uma vez a vida com fervor.

 

Tentando recordar que a vida, mesmo absurda,

Carrega em si a beleza do continuar,

Em gestos de amor e contentamento.

Memórias sussurram ao seu ouvido,

Que o absurdo não é o fim,

Mas o recomeço de um viver,

Onde o homem cria seu próprio caminho.

A vida, mesmo em meio ao caos,

Oferece momentos de prazer,

E que em instantes de significado,

Que se encontra a força para continuar.

Meu nome é Dennis de Oliveira Santos. Nasci no ano de 1985, numa pacata cidade do interior goiano chamada Ceres. Sou oriundo de uma família humilde e um dos dois filhos que muito ama seus pais. De lá pra cá fiz muitas andanças pelo mundo através de viagens e mudanças de lares ao morar em várias localidades.

Na adolescência tive um intenso contato com obras clássicas da filosofia e literatura de forma autodidata. Escritores e pensadores foram importantes na formação de minha cosmovisão, além dos valiosos ensinamentos e valores cultivados pelos pais e avós. Desde essa época aos dias atuais o meu olhar sobre o mundo é moldado principalmente por perspectivas filosóficas, como o existencialismo e o materialismo. Já na fase adulta segui os estudos universitários me graduando nas áreas de Sociologia e Pedagogia. Hoje sou educador e pesquisador. Minha atuação abrange os campos de pesquisa, ensino e projetos sociais. Além de publicar artigos científicos na área da sociologia.

Do existencialismo ficou na mente a ideia da busca da liberdade, a responsabilidade pessoal e a busca incessante por significado na existência humana. E extraído do materialismo filosófico, a perspectiva de que a compreensão da realidade se dá na matéria e nas leis naturais, buscando explicar fenômenos e experiências humanas através de bases físicas e tangíveis. Politicamente, me situo à esquerda, com inclinações marxistas, buscando constantemente a justiça social e a crítica do sistema capitalista. Tento contribuir para a realização desses ideais através do ensino, pesquisa e engajamento em movimentos sociais.

Sou um sujeito de poucas amizades, com prazeres simples, que valoriza muito a companhia da família, um amador na arte da enologia, ávido por viagens, e, nos raros momentos de inspiração, arrisco a escrita literária. Sou, em prática, um realista com uma pitada de pessimismo, um materialista que vê o mundo através das lentes do concreto (sem misticismo). E por ser um amante da literatura, escrevo poesias e crônicas com foco nas questões sociais e filosóficas.

Na minha escrita, mergulho em temáticas para expor as injustiças geradas pela desigualdade social que permeia nosso mundo. Muitos dos meus textos são ressoantes manifestações de insatisfação, narrativas que se levantam contra os fundamentos do poder e desafiam os contornos cruéis do sistema capitalista. Além disso, busco constantemente refletir sobre a existência humana. Ao escrever, tento compreender e expressar o peculiar sentimento de "estar no mundo", abordando inquietações sobre o sentido da vida, dilemas éticos, o impacto da morte e o confronto do ser com sua realidade.

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