Rodrigo Conte Cunha

Rodrigo Conte Cunha

1978-03-07 Belém do Pará
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Pela última vez

E ontem, novamente,
não consegui dormir
Deitei, virei, observei o céu estrelado
Pareceu que ainda estavas por ali
De olhos abertos, à meia luz
A lembrança como um clarão trouxe-me seu perfume
Perdido pela cama, abraçado ao seu travesseiro
Encontrei-lhe quando adormeci
E nos sonhos, seu vestidinho cinza, transparente
Com a alça caindo
Encostou a minha perna como um convite
Deixei-me levar pela emoção
Esqueci de tudo e como um bobo apaixonado
Delicadamente, toquei o seu rosto com meus lábios
Procurando seu pescoço em busca de sentir o seu melhor
Deixei que minha boca a acariciasse
E com minhas mãos, fui até seus cabelos
Meus pés enroscados nos seus
A força do meu abraço revelou o quanto eu queria estar contigo
Nossas pernas cruzadas, nossos corpos por inteiro se tocavam
E você, louca de vontade
Com seus pedidos que expressavam o maior dos seus desejos
Começou a me despir
Momento que aflorou o mais
E parecemos limpos, descobertos
Resgatamos a paixão
E tudo ao redor que poderia atrapalhar foi ao chão
Montaste em mim
Com foco nos meus olhos
Foste tu pondo a língua entre os lábios e provocaste com a carinha que só você faz...
Abandonaste as tuas mãos
Entregaste a tua boca
E fizeste dela o teu álibi contra meu corpo
E nenhum centímetro ficou pra trás
Minhas mãos suadas te conduziram inteira
E vivemos este momento como o da nossa vida
Valorizamos o sentimento
Entregamo-nos ao prazer
Muito mais do que conjugar
Fizemos dessas horas o nosso altar
E aos poucos o calor turbinou nosso ritmo
E o suor cada vez mais permitiu o deslizar entre nós
Alucinados, loucos, atormentados
O beijo pareceu o último, o aperto pareceu incipiente
E queríamos mais
Nos esfregamos demais
A entrega foi contumaz
E quando demos juntos o sinal
O quarto pareceu tremer
As luzes pareceram piscar
Os gritos contaminados
Os reflexos envolvidos
Tudo de mais belo que já havia tido entre nós foi resgatado
Mas fugaz como o sonho, a dura realidade se revelou
Quando acordei insano
Confrontei-me novamente com o mesmo travesseiro
De você, somente o que havia sido deixado pra trás
E então, como um mantra da libertação
Tentei novamente dormir implorando aos céus
Preciso esquecer!
Livre-me dessa angústia que, ainda, aprisiona o meu coração.
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