Manuela Barroso

Manuela Barroso

Licenciatura em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professora no Ensino Secundário de Português e Francês. Só depois da aposentação, faço das palavras , outra companhia.

Balança- 25 de Outubro de 1946
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Solidão


Perdi-me de mim e dormi.
Senti o sabor da solidão que florescia na sombra
corri os montes das flores que me falavam do vale
no bulir das marés.
Acariciei as flores plantadas na água que regava a marcela
e afaguei os meus pés.
Corri com saltões
saboreei o trigal
deitei-me na erva
pousei o meu corpo no chão húmido da esperança
senti o arrepio das cigarras
a fome das alturas
e a sede de ser de novo criança!

Os olhos...
ah! os olhos eram a água atrevida
inundando a consciência com fome de vida.
Eram as flores teimosas
escorrendo amarelas
na face das mimosas
invasão no sorriso ardente
no espelho líquido da nascente
cansaço mole na mistura tão difusa do poente.

Quero perder o tempo que se infiltra na terra
e me prende às cheias de fogo que morrem nas minhas cinzas;
fugir na cantilena da água que se perde nos outeiros
tremendo veloz pelas fragas em repuxos aéreos de ventos.

Quero regar de alma as raízes das fontes e dos fetos
que semeiam a frescura dos montes
sentar-me na sombra dos lírios, namorando as violetas
que ardem na chama roxa dos aromas, nos círios dos poetas.

Manuela Barroso, "Laços-Dueto"- Editora Versbrava









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19771946
Obrigada, rosafogo e giuseppe l. , pela vossa presença!
04/dezembro/2020
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rosafogo
Muito bom, poema onde não é esquecida a beleza que há na natureza, também é meu teme preferido a saudade sempre abunda na inspiração dos poetas...
26/junho/2018
giuseppe l.
Aqui boa poesia! Parabéns
21/junho/2018

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