Paulo Eiró

Paulo Eiró

Paulo Emilio de Salles Chagas Eiró foi um poeta e dramaturgo brasileiro.

1836-04-15 Vila de Santo Amaro [São Paulo] SP
1871-06-27 São Paulo
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Rosa Seca

Rosa seca e desfolhada,
Oferta de minha irmã,
Já não recendes no campo,
Já não te orvalha a manhã;

Mas terás propício asilo
Aqui, sobre o peito meu:
Secaste, rosa, que importa,
Se minha irmã te colheu!

Penhor tocante e sincero
Deste laço fraternal,
Viverás — que não dependes
De um afeto sensual.

Nem como dádiva falsa
Te hei de nunca desprezar;
Guardada serás, guardada
Como a relíquia no altar.

Tuas folhas delicadas
Deixaste, uma a uma, oh flor;
De meu sopro apaixonado
Te definhou o calor;

Mas podes bem consolar-te
De o teu ornato perder:
Quantos sonhos hei perdido
Que nunca mais hei de ter!

Se te viram entre a roxa
Saudade e o lírio florir,
Coloco-te em minha vida
Entre o passado e o porvir.

Despidos e solitários,
Vivamos juntos assim,
Como na dália se enlaça
Caricioso o jasmim.

Não tremerás, no pedúnculo,
Da brisa ao lascivo afã,
Mas a troco do meu pranto
Hás de ser meu talismã.


Poema integrante da série Lira e Mocidade, 1854/1855.

In: SCHMIDT, Affonso. A vida de Paulo Eiró: seguida de uma coletânea inédita de suas poesias. Org. pref. e anotada José A. Gonsalves. Il. Wasth Rodrigues. São Paulo: Ed. Nacional, 1940. p.151-270. (Biblioteca pedagógica brasileira. Série 5. Brasiliana, 182
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