Florbela Espanca
Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.
1894-12-08 Vila Viçosa
1930-12-08 Matosinhos
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Rústica
Eu q’ria ser camponesa;
Ir esperar-te à tardinha
Quando é doce a Natureza
No silêncio da devesa,
E só voltar à noitinha...
Levar o cântaro à fonte
Deixá-lo devagarinho,
E correndo pela ponte
Que fica detrás do monte
Ir encontrar-te sozinho...
E depois quando o luar
Andasse pelas estradas,
D’olhos cheios do teu olhar
Eu voltaria a sonhar,
P’los caminhos de mãos dadas.
E depois se toda a gente
Perguntasse: “Que encarnada,
Rapariga! Estás doente?”
Eu diria: “É do poente,
Que assim me fez encarnada!”
E fitando ao longe a ponte,
Com meu olhar cheio do teu,
Diria a sorrir pro monte:
“O cant’ro ficou na fonte
Mas os beijos trouxe-os eu...”
Ir esperar-te à tardinha
Quando é doce a Natureza
No silêncio da devesa,
E só voltar à noitinha...
Levar o cântaro à fonte
Deixá-lo devagarinho,
E correndo pela ponte
Que fica detrás do monte
Ir encontrar-te sozinho...
E depois quando o luar
Andasse pelas estradas,
D’olhos cheios do teu olhar
Eu voltaria a sonhar,
P’los caminhos de mãos dadas.
E depois se toda a gente
Perguntasse: “Que encarnada,
Rapariga! Estás doente?”
Eu diria: “É do poente,
Que assim me fez encarnada!”
E fitando ao longe a ponte,
Com meu olhar cheio do teu,
Diria a sorrir pro monte:
“O cant’ro ficou na fonte
Mas os beijos trouxe-os eu...”
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