Susana Thénon
Poeta, tradutora, ensaísta e fotógrafa artística. Sua poesia não se assemelha a de nenhum outro conterrâneo. Senhora de uma voz irónica, de crítica pungente e mundos criados com a ideia do Belo e da Arte.
Buenos Aires, Argentina
1991-04-05
12385
1
3
Ela
Pela madrugada
(ela se deu conta das mãos).
Pela madrugada, apenas.
Ela lembra que nada importa
embora sua sombra siga correndo
em volta da noite.
Algo se deteve em algum momento
algo marchava debilmente
e se deteve em algum momento.
Ela tremeu como um som
congelado entre os lábios de um morto.
Ela se desvaneceu como uma lembrança
evocada até a saciedade.
Ela se dobrou sobre sua respiração
e compreendeu que ainda vivia.
Deu-se conta da liberdade
e a deixou escorrer como uma pequena noite.
Amarrou a angústia ao redor do pescoço
e lembrou sua cor desaparecida.
Ela mordeu às cegas na escuridão
e escutou gritar o silêncio.
E aprendeu a rir
do cheiro antigo que dava adeus a seu sangue.
Pela noite
(ela cortou as mãos).
Pela noite, apenas.
Ela recolhe seu pequeno ocaso.
Ela sonha na ereção da rosa.
(ela se deu conta das mãos).
Pela madrugada, apenas.
Ela lembra que nada importa
embora sua sombra siga correndo
em volta da noite.
Algo se deteve em algum momento
algo marchava debilmente
e se deteve em algum momento.
Ela tremeu como um som
congelado entre os lábios de um morto.
Ela se desvaneceu como uma lembrança
evocada até a saciedade.
Ela se dobrou sobre sua respiração
e compreendeu que ainda vivia.
Deu-se conta da liberdade
e a deixou escorrer como uma pequena noite.
Amarrou a angústia ao redor do pescoço
e lembrou sua cor desaparecida.
Ela mordeu às cegas na escuridão
e escutou gritar o silêncio.
E aprendeu a rir
do cheiro antigo que dava adeus a seu sangue.
Pela noite
(ela cortou as mãos).
Pela noite, apenas.
Ela recolhe seu pequeno ocaso.
Ela sonha na ereção da rosa.
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