António Ramos Rosa
António Victor Ramos Rosa, foi um poeta, português, tradutor e desenhador. Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde.
1924-10-17 Faro
2013-09-23 Lisboa
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Maio de 68
a Eduardo Prado Coelho
As linhas, mil linhas, novas linhas
do ar que circula
numa língua desligada, de uma fábrica
de ervas violentas, jovens,
nutrindo o pulso e os membros,
água de silêncio, no ar agora,
nas avenidas abertas ao silêncio,
nas pedras sem memória, sem medo,
vitória que se perde na frescura rápida,
princípio irrefragável desvanecido, vindo,
lanço a fronte no ar para a linguagem viva
que respira na espessura fragmentada morta
perseguida no vazio, obscura carga,
peso de um olhar, de uma boca ávida sem passado,
no entusiasmo irreparável da língua por viver
do corpo imediato
no centro — turbilhão — da árvore.
Terra, o solo comum, originário, em que descalços
surgir, ó boca, surgir como só um
de nós,
na praia de um presente aberto,
o vulcão surdo convertido em jorro de ar,
a boca restituída ao corpo, a língua
dada ao ar, ao sopro de um corpo a renascer,
razão livre desde sempre, ignota, desde sempre a única
razão,
anterior chama de ar submersa,
que nos lábios soçobra, agora se levanta,
fronte única, fonte, ovo de tudo o que começa,
rajadas de ar,
árvore de homens num estrépito de folhas de ar nas ruas,
a pedra o sol a terra a chama ávida e nua
a praia sob os passos
a página de mil linhas
a boca as palavras que rompem como a água
de um princípio que encontra o seu presente
agora a língua livre e jovem
a língua irrefragável
As linhas, mil linhas, novas linhas
do ar que circula
numa língua desligada, de uma fábrica
de ervas violentas, jovens,
nutrindo o pulso e os membros,
água de silêncio, no ar agora,
nas avenidas abertas ao silêncio,
nas pedras sem memória, sem medo,
vitória que se perde na frescura rápida,
princípio irrefragável desvanecido, vindo,
lanço a fronte no ar para a linguagem viva
que respira na espessura fragmentada morta
perseguida no vazio, obscura carga,
peso de um olhar, de uma boca ávida sem passado,
no entusiasmo irreparável da língua por viver
do corpo imediato
no centro — turbilhão — da árvore.
Terra, o solo comum, originário, em que descalços
surgir, ó boca, surgir como só um
de nós,
na praia de um presente aberto,
o vulcão surdo convertido em jorro de ar,
a boca restituída ao corpo, a língua
dada ao ar, ao sopro de um corpo a renascer,
razão livre desde sempre, ignota, desde sempre a única
razão,
anterior chama de ar submersa,
que nos lábios soçobra, agora se levanta,
fronte única, fonte, ovo de tudo o que começa,
rajadas de ar,
árvore de homens num estrépito de folhas de ar nas ruas,
a pedra o sol a terra a chama ávida e nua
a praia sob os passos
a página de mil linhas
a boca as palavras que rompem como a água
de um princípio que encontra o seu presente
agora a língua livre e jovem
a língua irrefragável
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