Domingos Carvalho da Silva

Domingos Carvalho da Silva

1915-06-21 Pedroso (Portugal)
2003-04-26 São Paulo
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Na Despedida de Ignez

Estão mudos os poemas,
não tenho mais tua voz para cantá-los.
O som corre vazio nas palavras
sem que teus ouvidos possam dar-lhes vida.
A luz se extingue,
pois tuas pálpebras estão cerradas para o sol
e em teus olhos
cresceu a longa treva sem a espera
do alvorecer.

Os rios não mais são necessários,
pois já não corre tua memória em suas águas.
Já não são necessários os caminhos,
que não mais poderão seguir-te os passos.
O livro que lias não chegou
a abrir a última folha,
as teclas do piano esperam esquecidas
o afago vibrante de tuas mãos,
que libertavam das pautas a harmonia.

Perdeu nossa casa a presença grácil
da castelã medieva,
o perfil de virtude
da senhoril esposa
romana.

Na face e nos lábios de pétalas dobradas
vi-te partir mais bela
que as rosas da manhã:
as últimas que te ornaram
foram cumprir contigo o teu silêncio.

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Prémios e Movimentos

Jabuti 1977
-
Eduardo Padial
Domingos Carvalho da Silva, um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, foi o epicentro da Geração de 45.
10/agosto/2023

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