Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Um Vento Que Sopra Fresco E Selvagem...
eu não deveria ter culpado apenas meu pai, mas,
ele foi o primeiro a me introduzir ao
ódio estúpido e cru.
ele era realmente bom nisso: tudo e qualquer coisa deixavam-no
louco – coisas da menor importância traziam de imediato seu ódio
à superfície
e eu parecia ser a principal fonte de sua
irritação.
eu não o temia
mas suas fúrias faziam-me mal ao coração
porque ele era então grande parte do meu mundo
e era um mundo de horror mas eu não deveria culpar apenas
meu pai
porque quando deixei aquele... lar... encontrei seus semelhantes
em toda parte: meu pai era apenas uma pequena parte do
todo, embora sua capacidade para odiar fosse a maior
entre as pessoas que já conheci.
mas os outros também eram bons nisso: alguns dos
chefes de seção, dos vagabundos de rua, algumas das mulheres
com que vivi,
a maioria das mulheres foi dotada para o
ódio – culpando minha voz, minhas ações, minha presença
culpando-me de um modo geral
por aquilo que elas, em retrospecto, não haviam conseguido
fazer.
eu era simplesmente o alvo de seus descontentamentos
e num certo sentido
culpavam-me
por não ser capaz de retirá-las dos
escombros de seus passados; o que não levavam em consideração era
que eu também tinha meus próprios problemas – a maioria deles causada
pelo simples fato de viver com elas.
sou um sujeito tolo, que se alegra facilmente ou que chega mesmo
a uma estúpida alegria quase sem motivo
e se me deixam sozinho eu me viro numa boa.
mas vivi com tanta frequência e por tanto tempo junto a esse ódio
que
meu único recanto, meu único refúgio é estar longe de todos
eles, quando estou em outro lugar, não importa onde –
uma garçonete velha e gorda que me traz uma xícara de café
é em comparação
como um vento que sopra fresco e selvagem.
ele foi o primeiro a me introduzir ao
ódio estúpido e cru.
ele era realmente bom nisso: tudo e qualquer coisa deixavam-no
louco – coisas da menor importância traziam de imediato seu ódio
à superfície
e eu parecia ser a principal fonte de sua
irritação.
eu não o temia
mas suas fúrias faziam-me mal ao coração
porque ele era então grande parte do meu mundo
e era um mundo de horror mas eu não deveria culpar apenas
meu pai
porque quando deixei aquele... lar... encontrei seus semelhantes
em toda parte: meu pai era apenas uma pequena parte do
todo, embora sua capacidade para odiar fosse a maior
entre as pessoas que já conheci.
mas os outros também eram bons nisso: alguns dos
chefes de seção, dos vagabundos de rua, algumas das mulheres
com que vivi,
a maioria das mulheres foi dotada para o
ódio – culpando minha voz, minhas ações, minha presença
culpando-me de um modo geral
por aquilo que elas, em retrospecto, não haviam conseguido
fazer.
eu era simplesmente o alvo de seus descontentamentos
e num certo sentido
culpavam-me
por não ser capaz de retirá-las dos
escombros de seus passados; o que não levavam em consideração era
que eu também tinha meus próprios problemas – a maioria deles causada
pelo simples fato de viver com elas.
sou um sujeito tolo, que se alegra facilmente ou que chega mesmo
a uma estúpida alegria quase sem motivo
e se me deixam sozinho eu me viro numa boa.
mas vivi com tanta frequência e por tanto tempo junto a esse ódio
que
meu único recanto, meu único refúgio é estar longe de todos
eles, quando estou em outro lugar, não importa onde –
uma garçonete velha e gorda que me traz uma xícara de café
é em comparação
como um vento que sopra fresco e selvagem.
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