Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Olhando Para Os Colhões Do Gato
sentado aqui junto à janela
suando suor de cerveja
atormentado pelo verão
estou olhando para os colhões do meu gato.
não é por minha escolha.
ele dorme em uma velha cadeira de balanço
na varanda
e dali ele me olha
dependurado em seus colhões de gato.
aí está seu rabo, coisa danada,
dependurada de lado
de modo que eu possa
ver seus felpudos reservatórios mas
em que pode um homem pensar
enquanto olha para as bolas de um gato?
certamente não sobre a nave naufragada após uma
grande batalha naval.
certamente não sobre um programa para salvar os
pobres.
certamente não sobre um mercado de flores ou uma dúzia de
OVOS.
certamente não sobre um interruptor de luz quebrado.
colhões são colhões, é isso aí,
e com muita certeza isso é verdade a respeito
dos colhões de um gato.
os meus são bem moles e macios e
diz-me minha atual mulher
bem grandes:
"você tem colhões enormes, Chinaski!"
mas os colhões do gato:
eu não consigo entender se ele está dependurado neles
ou se eles estão dependurados nele.
você vê, há essa batalha de atravessar quase toda a noite
pela fêmea
e isso não é nada fácil para nenhum de nós.
veja:
falta um pedaço da sua orelha esquerda.
certa vez pensei que um de seus olhos tinha sido
arrancado
mas quando o sangue seco
descascou
uma semana depois
aí estava seu puro
olho verde-dourado
me encarando.
todo o seu corpo está coberto de escaras de mordidas
e no outro dia,
tentando acariciar sua cabeça
ele gemeu e quase me mordeu -
a pele do seu crânio
havia sido rasgada até o osso.
com certeza não é fácil para nenhum de nós,
pobre coitado.
ele dorme
e agora sonha
o quê?
um gordo pardal em sua boca?
ou rodeado por gatas com tesão?
ele sonha seus sonhos diurnos
e nós saberemos o que é
esta noite.
boa sorte, velho camarada,
a vida não é fácil,
estamos dependurados em nossos colhões, é assim que estamos, ou seja,
estamos no cativeiro de nossos colhões,
e eu deveria me conter um pouco
quando se trata de mulheres.
enquanto isso
olharei seus olhos e me defenderei com jabs de esquerda
e correrei como do diabo
quando nada mais
adiantar.
suando suor de cerveja
atormentado pelo verão
estou olhando para os colhões do meu gato.
não é por minha escolha.
ele dorme em uma velha cadeira de balanço
na varanda
e dali ele me olha
dependurado em seus colhões de gato.
aí está seu rabo, coisa danada,
dependurada de lado
de modo que eu possa
ver seus felpudos reservatórios mas
em que pode um homem pensar
enquanto olha para as bolas de um gato?
certamente não sobre a nave naufragada após uma
grande batalha naval.
certamente não sobre um programa para salvar os
pobres.
certamente não sobre um mercado de flores ou uma dúzia de
OVOS.
certamente não sobre um interruptor de luz quebrado.
colhões são colhões, é isso aí,
e com muita certeza isso é verdade a respeito
dos colhões de um gato.
os meus são bem moles e macios e
diz-me minha atual mulher
bem grandes:
"você tem colhões enormes, Chinaski!"
mas os colhões do gato:
eu não consigo entender se ele está dependurado neles
ou se eles estão dependurados nele.
você vê, há essa batalha de atravessar quase toda a noite
pela fêmea
e isso não é nada fácil para nenhum de nós.
veja:
falta um pedaço da sua orelha esquerda.
certa vez pensei que um de seus olhos tinha sido
arrancado
mas quando o sangue seco
descascou
uma semana depois
aí estava seu puro
olho verde-dourado
me encarando.
todo o seu corpo está coberto de escaras de mordidas
e no outro dia,
tentando acariciar sua cabeça
ele gemeu e quase me mordeu -
a pele do seu crânio
havia sido rasgada até o osso.
com certeza não é fácil para nenhum de nós,
pobre coitado.
ele dorme
e agora sonha
o quê?
um gordo pardal em sua boca?
ou rodeado por gatas com tesão?
ele sonha seus sonhos diurnos
e nós saberemos o que é
esta noite.
boa sorte, velho camarada,
a vida não é fácil,
estamos dependurados em nossos colhões, é assim que estamos, ou seja,
estamos no cativeiro de nossos colhões,
e eu deveria me conter um pouco
quando se trata de mulheres.
enquanto isso
olharei seus olhos e me defenderei com jabs de esquerda
e correrei como do diabo
quando nada mais
adiantar.
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