Sonetos Noturnos, n VIII (1984)

Nos casarões fechados, em seu ar
de mistérios e sombra acontecido,
no místico sinal do envelhecido,
lembranças, as gavetas e o arsenal

que o tempo trovoou por seu suster
de maravilhas, só cintilamento,
e do que conservou para morrer,
tão devagar chovido, o sentimento,

fica a pergunta de quem olha fora
essas graves janelas tão fechadas
por rarefeito orgulho no seu ar

desfolhado de rosa ou jasminzal,
pois não se vê se a vida é tal retrato
acontecido, ou nuvem do irreal.

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