Bellua

Como, neste lagoal surdo, surde elétrica e lesta
A Fera? Como, sem que o passo em relvas resvalasse,
O monstro, que a campanha e a vila infesta,
Penetra o meu castelo e vem olhar-me face a face?

(Vejo-o surgir diante de mim no espelho
ígneo e fosforescente
Todo tinto de verde e de vermelho,
E senta-se, sem que eu lhe diga que se sente.)

Mas sob o manto astral aos meus ombros esparso
A essência do meu ser recôndito eu disfarço.

Mira-me de alto a baixo e dos pés à cabeça
E da cabeça aos pés
E do meu corpo esfuracando a impermeável e espessa
Penumbra, arranca-me a alma (em vão!) e inquire-me: "Quem és?"

Como se este medonho híspido avejão de outro mundo
(E de outras eras)
Não temesse que do meu cérebro arguto e profundo
Me saísse em resposta esta outra pergunta: "Quem eras?"
Ou: "Quem foste?" porque, sem erro algum, eu bem conheço
De onde este fantasma vem.

E preciso não é remontar ao começo
Do caos primevo, que os arcanos do cosmos contém,
Para desmascará-lo e conhecê-lo bem.

MAS DENTRO EM MlM RESPLENDE A ÁRVORE DO BEM.

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