Soares Bulcão

jornalista brasileiro

1873-05-13 Uruburetama
1942-07-17 Fortaleza
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Mater

Floreces na penumbra anônima do albergue,
Sob o humilde casal de pobres infelizes,
Onde mora a honradez, e a cuja sombra se ergue
A árvore da desgraça onde o amor fez raízes.

Ao mundo, sem que a dor teu ânimo se vergue,
Surges predestinada às fundas cicatrizes,
E passam sem deixar quem o teu passo enxergue,
Vás, embora, onde vás, pises por onde pises.

Segues a tua estrada entre flores e espinhos;
Ora esbarras na treva, ora na luz, e dentre
O universal rumor fere-te a voz dos ninhos;

E o teu sonho é tão grande, e a missão tão profunda,
Que desprezas a dor, porque trazes no ventre,
— Fonte de eterna vida — a dor que em ti fecunda!

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