John Berryman

John Berryman

John Allyn McAlpin Berryman foi um poeta norte-americano. Reconhecido como uma figura importante na poesia da segunda metade do século XX, é considerado um dos maiores expoentes da poesia confessional. Em 1965, foi honrado com o Prêmio Pulitzer de Poesia. Em seus últimos anos, sofrendo pelo alcoolismo e a depressão, Berryman se suicidou pulando de uma ponte no cruzamento do Rio Mississippi.Referências

1914-10-25 McAlester
1972-01-07 Minneapolis
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Alguns Poemas

29

Sentou-se, certa vez, no coração de Henry algo
tão pesado, que se tivesse cem anos
&mais, & aos prantos, insone, por todo esse tempo
Henry não poderia tornar o Bem.
Recomeça e sempre em seus ouvidos,
a pequena tosse em algum lugar, um odor, um badalo.
E há outra coisa que ele tem em mente
como um grave rosto de Siena, milenar
não conseguiria borrar sua censura quieta e perfilada. Horrendo,
olhos abertos, ele atenta, cego.
Todos os sinos dizem: tarde demais. Isto não se pranteia:
pensar.
Mas nunca Henry, conforme pensara,
dá cabo de alguém e esquarteja seu corpo
e esconde os bocados onde possam encontrá-la.
Ele sabe: verificou a todos,& ninguém está desaparecido.
Com freqüência, ao amanhecer, ele faz as contas.
Ninguém nunca está desaparecido.
(tradução de Ismar Tirelli Neto)
Dream Song 29
John Berryman
There sat down, once, a thing on Henry's heart
só heavy, if he had a hundred years
&more, & weeping, sleepless, in all them time
Henry could not make good.
Starts again always in Henry's ears
the little cough somewhere, an odour, a chime.
And there is another thing he has in mind
like a grave Sienese face a thousand years
would fail to blur the still profiled reproach of. Ghastly,
with open eyes, he attends, blind.
All the bells say: too late. This is not for tears;
thinking.
But never did Henry, as he thought he did,
end anyone and hacks her body up
and hide the pieces, where they may be found.
He knows: he went over everyone,& nobody's missing.
Often he reckons, in the dawn, them up.
Nobody is ever missing.
John Berryman nasceu no estado americano de Oklahoma, na pequena cidade de McAlester, em 1914. Estudou na prestigiosa Universidade de Columbia, e mais tarde integrou o time de professores da Oficina para Escritores da Universidade de Iowa. Estrearia em 1942, com um pequeno volume simplesmente intituladoPoems, seguido deThe Dispossessed (1948). Alcançaria certo renome comHomage to Mistress Bradstreet (1956), mas os volumes que o tornariam realmente conhecido são os de sua sérieDream Songs, cujo primeiro volume, intitulado77 Dream Songs (1964), ganharia o Prêmio Pulitzer.
 
Berryman seguiria publicando poemas da série, que acompanha as personagens tragicômicas Henry e Mr. Bones, entre outras, personagens que seriam lidas comoalter egos de John Berryman, levando-o a ser enquadrado entre os conhecidos "Poetas Confessionais" da década de 50 e 60 norte-americanas, que incluem ainda poetas como Sylvia Plath e Anne Sexton, além de Robert Lowell, Theodore Roethke e W. D. Snodgrass. Muito conhecidos nos Estados Unidos, este grupo de poetas, com a exceção talvez única de Sylvia Plath, não alcançou grande ressonância fora de seu país. O livro considerado "fundador" da tendência é o volumeLife Studies (1959), de Robert Lowell, publicado no mesmo ano do também fundador (da poética Beat)Howl and Other Poems, de Allen Ginsberg. Livros comoDream Songs (1964), de Berryman;Ariel (1965), de Plath;  eLive or Die (1966), de Sexton, se tornariam exemplos frequentemente citados e estudados para a compreensão da poética deste grupo, que jamais se reuniu oficialmente como tal. Hoje em dia, as diferenças entre os poetas têm se tornado mais claras, e o rótulo que os agrupa começou a ser questionado. O trabalho de Sylvia Plath emergiu como um dos mais fortes do período, Sexton ainda é uma poeta lida, estudada e editada com frequência, e asDream songs de Berryman não perderam sua força tragicômica, pungente e ao mesmo tempo altamente irônica, enquanto o trabalho de poetas como Lowell e Roethke passa por um período de esquecimento. John Berryman suicidou-se em 1972, saltando de uma ponte em Minneapolis, Minnesota.
 
 
--- Ricardo Domeneck
 
 
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