A solidão é a única propriedade que levarás além-túmulo
Não necessariamente triste, te reveste de armadura
Da couraça dos vaqueiros, dos cangaceiros,
Do povo de rua, que sob sol e sob lua
Não sabe a data de hoje nem o dia de amanhã
Te guiará com cuidado, confortará o frio da alma
Te lembrará que a saudade é o perfume de verões passados
Antes e depois de passada a tua memória
Do último ente se negar a ver tua desgraça
Mas solidão nem saudade é desgraça
Aprendes que não precisa de outrem pra viver
E ser uma ilha propensa a receber visitantes
Estarás sempre pronto à chuva ou batalha que vier
Ama aos outros, mas ama-te em primeiro
Tanto o bem quanto o mal é passageiro
E o amor como a vida é viagem
Segura o teu papel com arte e coragem
Até o ato derradeiro