(O estranho casulo que me envolve
e me mantém resguardada,
quer hoje se quebrar)...
... ... ... ... ... ...
Mas a larva não quer ser borboleta.
Paradoxalmente, ganhar o mundo
significa ousar... experimentar...
estar suscetível ao entorno do casulo...
ao lá fora... às intempéries...
Por que quebrar o manto que protege
sem saber o que irá encontrar?
Por que romper com o doce envolvimento
sem conhecer o ambiente a conquistar?
Por que se expor a ares desconhecidos
se o aconchego aqui dentro é salutar?
O risco de ter asas e voar
compensa o risco de tentar?...
A metamorfose do feio ao belo
compensa o risco de se entregar?
A conquista da liberdade
compensa o risco de ousar?
... ... ... ... ... ... ...
(A borboleta, embora já tenha asas,
está morrendo de medo de voar)...