Pedro Paiva

Pedro Paiva

1962-06-29 Altos - Pi
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LOCUS AMOENUS

Casinha branca com redes armadas na varanda.
As ovelhas balindo, à tarde, no fundo do quintal!
Na campina, a passarada, em bandos, revoando.
O sol pintando o horizonte com os clarões do arrebol!
 
O som retumbante da água jorrando pura na fonte cristalina.
O canto estrídulo e desafinado da araponga tinindo nas matas!
O mugido triste do gado berrando, ao longe, no pé da colina.
A orquestra dos grilos tritrilando aos murmúrios das cascatas!
 
No vale verdejante - o baile das mariposas, a festa das cigarras, a pirotecnia dos pirilampos!
A jia queixosa coaxa, geme e estremece lá na beira da lagoa.
O campo florido vai, aos poucos, se vestindo com negro e fino manto
e o  aboio saudoso do vaqueiro, tangendo a boiada, pelas serras azuis ecoa.
 
Silenciosa cai a noite! Sob à luz tênue e delicada de sonolentas lamparinas
lá fora,  inunda o branco terreiro o soberbo e indolente luar de prata.
O sertão inteiro dorme  embalado por uma canção suave, etérea e divina,
e desperta,  na manhã seguinte, com a algazarra dos pássaros em festiva sonata.
 
No curral da fazenda, a farra matinal na ordenha das vacas leiteiras.
O  barulho dos chocalhos e o berregar  das cabras  sob o albor do céu.
Ao meio-dia, o banho  ao morno escachoar  das águas descendo na cachoeira,
bebendo  no cálice de delicada flor silvestre o mais doce e  puro mel!
 
Ao lado da mais bela morena cujo encanto a natureza ensimesmada, deslumbra e desvela
na paisagem bucólica que o Criador,  com o tempo, foi caprichosamente transformando
num lindo e edênico jardim  todo encastoado com pérolas e  reluzentes estrelas, 
gozando as divinas e eternais promessas de vida,  felizes,  vivermos para sempre nos amando.
 
 DA OBRA AMOR PRA VIDA INTEIRA, DE PEDRO PAIVA
 
 
 
 
 
 
 
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