Augusto Gil
Augusto César Ferreira Gil advogado e poeta português, viveu praticamente toda a sua vida na Cidade da Guarda onde colaborou e dirigiu alguns jornais locais.
1873-07-31 Lordelo, Portugal
1929-11-26 Guarda
130369
1
127
Balada da neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
120401
162
Mais como isto
Ver também
Prémios e Movimentos
SimbolismoMaria Amparo A.Peterson
Amo desde criança e já estou com 80 anos.
13/julho/2024
Manuel
Admiravel
29/junho/2024
Pedra
Interessante
13/março/2024
Boi
Ñ concordo
13/março/2024
Fix
Bonito
13/março/2024
São Rocha
Natural da Guarda.Pisei tantas vezes a neve.Vi a chuva a desfaze_la.Vi o sol a brilhar sobre ela, a brancura até feria os olhos.
15/outubro/2023
Wilton
Quem veio aqui por causa do Falabela?
04/fevereiro/2023
BEA
amei o poema beijinhos
12/janeiro/2023
BEA
adoro
10/janeiro/2023
BEA
BONITA
10/janeiro/2023
Diogo
O poema tão giro que aí está dá pra imaginar tanta coisa por isso é que é incrível.
18/janeiro/2022
Pedro
pois é
18/janeiro/2022
Hello
Concordo
16/março/2022
Augusto Gil
eu sei
13/dezembro/2021
Ana Claudia
Hj tenho 72 anos. Minha mãe já declamava essa poesia para mim, quando eu tinha 5 anos. Tempos em que a sensibilidade era resguardada e agyçada no coração, nos valores, na vida e nas emoções dascrianças.
03/dezembro/2021
Manuel Fernando Fernandes..France
Desde a primaire nunca esqueci esta maravilhoso POESIA.Que linda que até vir as lágrimas aos olhos
21/outubro/2021
Bernardo
Uma pequena obra de arte que descobri no colégio quando criança. Hoje com 62 anos lembrei e procurando no Google, aqui está para novamente criar vida.
09/setembro/2021
sem nome
Este poema é maravilhoso
01/setembro/2021
Mada
É absolutamente impossível de não apreciar esta arte!
Magnific ??????
31/maio/2021
lara
gostei da poesia
11/janeiro/2021
Gucefina
Adorei isso
19/novembro/2020
jusecrulda
ameiiiii
19/novembro/2020
LAURINDO BONILHA REGUEIRA
Poema eterno pela sensibilidade demonstrada pelo autor, a qual não é por causa de uma grande causa, aparentemente. afinal, ele se questiona pela dor das crianças, apenas. No entanto, que questão maior poderia mover a humanidade do que a preocupação com o bem-estar da infância e o futuro dos pequenos seres humanos, que são o futuro da raça.
30/outubro/2020
Jú Da Palma
Maravilhoso poema... <3
01/outubro/2020