Esfinge

Fico-me só, horas mais horas, triste,
Nesta piedosa evocação do Outr´ora,
Em face ao quadro a que se não resiste:
Sonhos de então, desenganos de agora.

Na vida o mal tem também sua aurora
Que na alegria para mim consiste,
De amar alguém que me repele e adora
E que, ai de mim, existe e não existe.

Alguém que em meigos sonhos me aparece
Com a imácula pureza de uma prece
Em lábios virginais por noite clara;

E outras vezes me quer e me tortura
E sofre como eu sofro essa amargura
Desta paixão de forma estranha e rara!.

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