Bruno Kampel
Escritor argentino nascido no Río de Janeiro e criado em Buenos Aires. Escreve desde muito jovem, publicou contos curtos, poesía, e artigos relacionados com política internacional. Actualmente reside na Suécia.
Rio de Janeiro, Brasil
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Poema de amor
Sempre soube terminar os poemas
que falam de saudade, de amores
finitos, mas nunca começá-los,
pois o início tem gosto de ausência,
tem cheiro de perda, tem peso de outrora.
Amores passados, perdidos, partidos,
apenas convidam ao silêncio,
e a confissão, e a solidão, florescem
implacáveis na ponta da língua,
como brados, como adagas,
e então, ao pretender o afago,
apenas desenho um lamento profundo,
e ao tentar esquecer o inesquecível
implanto as lembranças na retina da memória,
que dói como se fosse o dia da partida
e não a hora das reminiscências.
Mas, sim: aprendi a dizer
que não te esqueço; que o eco dos teus pés
- que já foram o meu chão - retumba
a cada passo que caminho
nesta doce amargura escandinava,
escondido entre loiríssimos cabelos
e branquíssimas mentiras.
Revejo os instantes
e vejo que o tempo, a destempo,
ensina a dizer que te amo,
que te lembro quando é tarde,
quando a noite do tempo deitou-se
para sempre entre nós, como água
sem barco, como margens sem rio
como um dia sem horas.
Difícil começar a dizer
da saudade que sofro,
da angústia que vivo,
da dor que me ataca,
da culpa que sinto,
que não é vã, mas justa:
mea culpa, mea máxima culpa.
E os minutos, esses que teimam
em ficar horas a lembrar-te;
e as horas, que ficam dias teimando
em reviver os instantes que não voltam,
apenas desamarram as palavras
que impunes e sem medo
se escrevem letra a letra
lapidando um pedido de socorro,
rabiscando um retorno ao passado,
esculpindo um desejo de futuro,
conquistando uma chance de ventura.
Sim, não nego:
quis construir uma ponte de amor,
um dizer de saudade,
um grito de esperança,
um pedido de clemência.
Nem mais, nem menos,
nem muito ou pouco,
nem tarde ou nunca:
um tudo ou nada.
Sim,
um poema de amor
manchado de saudade,
pintado em cor remorso,
é o que tento iniciar
e não consigo,
pois dizendo que sim,
que te amo
e não te esqueço,
não começo, mas termino.
E isso faço, começo terminando
com um resto de esperança,
que é o fim de todos os princípios,
e repito, como um disco,
que te amo, que te amo,
e que deixar-te foi tão duro
como te saber distante.
E termino começando,
pronunciando o teu nome,
o que até agora apenas me atrevia:
vivendo de amor, e não morrendo,
suando de ternura e não de angústia
gritando de esperança e não de raiva,
é como digo que te amo,
meu Brasil nunca esquecido.
que falam de saudade, de amores
finitos, mas nunca começá-los,
pois o início tem gosto de ausência,
tem cheiro de perda, tem peso de outrora.
Amores passados, perdidos, partidos,
apenas convidam ao silêncio,
e a confissão, e a solidão, florescem
implacáveis na ponta da língua,
como brados, como adagas,
e então, ao pretender o afago,
apenas desenho um lamento profundo,
e ao tentar esquecer o inesquecível
implanto as lembranças na retina da memória,
que dói como se fosse o dia da partida
e não a hora das reminiscências.
Mas, sim: aprendi a dizer
que não te esqueço; que o eco dos teus pés
- que já foram o meu chão - retumba
a cada passo que caminho
nesta doce amargura escandinava,
escondido entre loiríssimos cabelos
e branquíssimas mentiras.
Revejo os instantes
e vejo que o tempo, a destempo,
ensina a dizer que te amo,
que te lembro quando é tarde,
quando a noite do tempo deitou-se
para sempre entre nós, como água
sem barco, como margens sem rio
como um dia sem horas.
Difícil começar a dizer
da saudade que sofro,
da angústia que vivo,
da dor que me ataca,
da culpa que sinto,
que não é vã, mas justa:
mea culpa, mea máxima culpa.
E os minutos, esses que teimam
em ficar horas a lembrar-te;
e as horas, que ficam dias teimando
em reviver os instantes que não voltam,
apenas desamarram as palavras
que impunes e sem medo
se escrevem letra a letra
lapidando um pedido de socorro,
rabiscando um retorno ao passado,
esculpindo um desejo de futuro,
conquistando uma chance de ventura.
Sim, não nego:
quis construir uma ponte de amor,
um dizer de saudade,
um grito de esperança,
um pedido de clemência.
Nem mais, nem menos,
nem muito ou pouco,
nem tarde ou nunca:
um tudo ou nada.
Sim,
um poema de amor
manchado de saudade,
pintado em cor remorso,
é o que tento iniciar
e não consigo,
pois dizendo que sim,
que te amo
e não te esqueço,
não começo, mas termino.
E isso faço, começo terminando
com um resto de esperança,
que é o fim de todos os princípios,
e repito, como um disco,
que te amo, que te amo,
e que deixar-te foi tão duro
como te saber distante.
E termino começando,
pronunciando o teu nome,
o que até agora apenas me atrevia:
vivendo de amor, e não morrendo,
suando de ternura e não de angústia
gritando de esperança e não de raiva,
é como digo que te amo,
meu Brasil nunca esquecido.
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