Bruno Kampel

Bruno Kampel

Escritor argentino nascido no Río de Janeiro e criado em Buenos Aires. Escreve desde muito jovem, publicou contos curtos, poesía, e artigos relacionados com política internacional. Actualmente reside na Suécia.

Rio de Janeiro, Brasil
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Alguns Poemas

Mulher

Não quero uma mulher
Que seja gorda ou magra
Ou alta ou baixa
Ou isto e aquilo.

Não quero uma mulher
Mas sim um porto, uma esquina
Onde virar a vida e olhá-la
De dentro para fora.

Não espero uma mulher
Mas um barco que me navegue
Uma tempestade que me aflija
Uma sensualidade que me altere
Uma serenidade que me nine.

Não sonho uma mulher
Mas um grito de prazer
Saindo da boca pendurada
No rosto emoldurado
No corpo que se apoie
Nas pernas que me abracem.

Não sonho nem espero
Nem quero uma mulher
Mas exijo aos meus devaneios
Que encontrem a única
Que quero sonho e espero
Não uma, mas ela.

E sei onde se esconde
E conheço-lhe as senhas
Que a definem. O sexo
Ardente, a volúpia estridente
A carência do espasmo
O Amor com o dedo no gatilho.

Só quero essa mulher
Com todos seus desertos
Onde descansar a minha pele
Exausta e a minha boca sedenta
E a minha vontade faminta
E a minha urgência aflita
E a minha lágrima austera
E a minha ternura eloquente.

Sim, essa mulher que me excite
Os vinte e nove sentidos
A única a saber
O que dizer
Como fazer
Quando parar
Onde Esperar.

Essa a mulher que espero
E não espero
Que quero e não quero
Essa mulherportoesquina
Que desejo e não desejo
Que outro a tenha.

Que seja alta ou baixa
Isto ou aquilo
Mas que seja ela
Aquela que seja minha
E eu seja dela
Que seja eu e ela
Euela eu lá nela
Que sejamos ela.

E eu então terei encontrado
A mulher que não procuro
O barco, a esquina, Você.
Sim, você, que espreita
Do outro lado da esquina, no cais,
A chegada do marinheiro
Como quem apenas me espera.

Então nos amarraremos sem vergonha
À luz dos holofotes dos teus olhos,
E procriaremos gritos e gemidos
Que iluminarão todas as esquinas.

Será o momento de dizer
Achei/achamos amei/amamos
E por primeira vez vocalizar o
Somos, pluralizando-nos
Na emoção do encontro.

Essa a mulher
que não procuro
nem espero.
Você, viu? Você!

Poema de amor

Sempre soube terminar os poemas
que falam de saudade, de amores
finitos, mas nunca começá-los,
pois o início tem gosto de ausência,
tem cheiro de perda, tem peso de outrora.

Amores passados, perdidos, partidos,
apenas convidam ao silêncio,
e a confissão, e a solidão, florescem
implacáveis na ponta da língua,
como brados, como adagas,
e então, ao pretender o afago,
apenas desenho um lamento profundo,
e ao tentar esquecer o inesquecível
implanto as lembranças na retina da memória,
que dói como se fosse o dia da partida
e não a hora das reminiscências.

Mas, sim: aprendi a dizer
que não te esqueço; que o eco dos teus pés
- que já foram o meu chão - retumba
a cada passo que caminho
nesta doce amargura escandinava,
escondido entre loiríssimos cabelos
e branquíssimas mentiras.

Revejo os instantes
e vejo que o tempo, a destempo,
ensina a dizer que te amo,
que te lembro quando é tarde,
quando a noite do tempo deitou-se
para sempre entre nós, como água
sem barco, como margens sem rio
como um dia sem horas.

Difícil começar a dizer
da saudade que sofro,
da angústia que vivo,
da dor que me ataca,
da culpa que sinto,
que não é vã, mas justa:
mea culpa, mea máxima culpa.

E os minutos, esses que teimam
em ficar horas a lembrar-te;
e as horas, que ficam dias teimando
em reviver os instantes que não voltam,
apenas desamarram as palavras
que impunes e sem medo
se escrevem letra a letra
lapidando um pedido de socorro,
rabiscando um retorno ao passado,
esculpindo um desejo de futuro,
conquistando uma chance de ventura.

Sim, não nego:
quis construir uma ponte de amor,
um dizer de saudade,
um grito de esperança,
um pedido de clemência.

Nem mais, nem menos,
nem muito ou pouco,
nem tarde ou nunca:
um tudo ou nada.

Sim,
um poema de amor
manchado de saudade,
pintado em cor remorso,
é o que tento iniciar
e não consigo,
pois dizendo que sim,
que te amo
e não te esqueço,
não começo, mas termino.

E isso faço, começo terminando
com um resto de esperança,
que é o fim de todos os princípios,
e repito, como um disco,
que te amo, que te amo,
e que deixar-te foi tão duro
como te saber distante.

E termino começando,
pronunciando o teu nome,
o que até agora apenas me atrevia:
vivendo de amor, e não morrendo,
suando de ternura e não de angústia
gritando de esperança e não de raiva,
é como digo que te amo,
meu Brasil nunca esquecido.

Nascido na Maternidade Arnaldo de Morais, no fim da rua Constante Ramos,  na outrora princesinha do mar, em 24 de novembro de 1944.

Ao completar dois anos de vida decidiu emigrar para a Argentina, levando consigo toda a sua família. A partir daí, Buenos Aires seria durante quase 15 anos a anfitriã de sua infância e primeira adolescência.

Retornando em 1960 à já não tão princesinha do mar - mas ainda uma rainha se comparada com o que viria depois - dedicou seus primeiros anos cariocas a cartografar o território que pisava e a descobrir  pouco a pouco  que viver não é tão fácil como sonhar.

Os anos o empurraram à Faculdade de Direito da PUC, e as suas idéias o arrastaram de lá até as prisões tão de moda no tempo da ditadura. Foi assíduo freqüentador de famosos e badaladíssimos quartéis da PM (Coronel Assumpção na Saúde e Caetano de Farias), onde privou da intimidade de figuras ilustres como Mario Lago, Carlos Lacerda, Zuenir Ventura, José Gomes Talarico, Hugo Gouthier, et cætera, e de torturadores não menos famosos, ainda que escondidos por trás de nomes falsos e fantasiados de defensores da família e da pátria.

Essas circunstâncias o obrigaram a buscar novos horizontes, e desde princípios dos 70 e até os dias de hoje exerce a nobre profissão de cigano profissional. Argentina e Chile primeiro. Israel depois, e a seguir a Espanha mediterrânea, e depois a Argentina, e finalmente (finalmente?) a Suécia, onde se encontra desde 1994.

Seu Eu mercantilista o exerce como Consultor de Marketing Internacional e diretor de uma empresa escandinava de informática.

O seu gosto por saber o que se esconde atrás das manchetes encontra o seu caminho para fora através de artigos que pretendem analisar o lado político da realidade.

Os seus pendores literários os explicita por um lado editando desde 1996 uma revista literária digital - Poetika o seu nome - e pelo outro escrevinhando aqui e acolá.

Essas escrevinhações em prosa e verso geraram, gestaram e pariram alguns pequenos prêmios literários, como o concedido pela Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista em 1999, ou a Bandeja de Prata e publicação da obra premiada conquistados em Valencia, Espanha, no mesmo ano (SEGORBE).

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