Edmir Domingues
Edmir Domingues da Silva foi um advogado e poeta brasileiro.
1927-06-08 Recife Pernambuco Brasil
2001-04-01 Recife
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Saltimbancos
Seremos saltimbancos nesta noite
que é preciso que alguém envergue o traje
das púrpuras e guizos, no vazio.
Todo silêncio é triste. E a madrugada
que está sendo construída neste instante
não deve ter nos passos, quando venha,
senão um canto exato como um rito.
Se cada madrugada que rebenta
é produto de um reino de trabalho
que além palpita, e nós o não sabemos,
pois nascemos de noite mal nascidos
de cérebro e sentidos amputados.
As palavras nos negam. 0 cristal
dorme na rocha e nasce como rosa
enquanto a flor que nasce da palavra
na própria inconsistência se desata.
Por isso o reino é nada, e os saltimbancos
valem mais do que o rei e os sacerdotes,
se eles são, no que dizem, no que pregam,
mais verdadeiros posto que mais falsos.
Dos ditos que diremos saltimbancos
claros ou não que sejam se conclua
que os países da infância são distantes
mas únicos na altura e na verdade.
Na sua neve dorme a consistência
dos anjos e das pétalas noturnas
que nenhuma mulher nos trouxe nunca
por mais que dela o vento nos falasse.
Não saberão, por certo, os da assistência,
que a verdade só vive nas comédias
as quais palpitam sempre como sangue.
Então nós construiremos um silêncio.
Se outra coisa não foram as palavras
faladas até hoje, na constância
que se permite aos tempos provisórios,
sob as sombras e a luz, senão silêncio.
Seremos saltimbancos, envergando
as púrpuras e os guizos, no vazio.
que é preciso que alguém envergue o traje
das púrpuras e guizos, no vazio.
Todo silêncio é triste. E a madrugada
que está sendo construída neste instante
não deve ter nos passos, quando venha,
senão um canto exato como um rito.
Se cada madrugada que rebenta
é produto de um reino de trabalho
que além palpita, e nós o não sabemos,
pois nascemos de noite mal nascidos
de cérebro e sentidos amputados.
As palavras nos negam. 0 cristal
dorme na rocha e nasce como rosa
enquanto a flor que nasce da palavra
na própria inconsistência se desata.
Por isso o reino é nada, e os saltimbancos
valem mais do que o rei e os sacerdotes,
se eles são, no que dizem, no que pregam,
mais verdadeiros posto que mais falsos.
Dos ditos que diremos saltimbancos
claros ou não que sejam se conclua
que os países da infância são distantes
mas únicos na altura e na verdade.
Na sua neve dorme a consistência
dos anjos e das pétalas noturnas
que nenhuma mulher nos trouxe nunca
por mais que dela o vento nos falasse.
Não saberão, por certo, os da assistência,
que a verdade só vive nas comédias
as quais palpitam sempre como sangue.
Então nós construiremos um silêncio.
Se outra coisa não foram as palavras
faladas até hoje, na constância
que se permite aos tempos provisórios,
sob as sombras e a luz, senão silêncio.
Seremos saltimbancos, envergando
as púrpuras e os guizos, no vazio.
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