Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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27
Enfeitiçado em Nova York
a senhora foi a mais infiel e terrível que eu jamais havia
encontrado e eu sabia disso e ela sabia disso e ela era
as duas coisas, feia e linda ao mesmo tempo e as
duas dela estavam sentadas ali no peitoril
daquela janela aberta no hotel
em Nova York em
um dos dias mais quentes de todos os tempos, sem
ar-condicionado, sem ventilador, suávamos e sofríamos e esperávamos
algo
acontecer.
eu estava bêbado, ela estava nas drogas, havíamos acabado
de concluir uma copulação
rapidinha e logo depois ela disse, "seu filho da
puta, nós estamos encalhados aqui no inferno!"
"bom", eu disse.
então eu a vi cair da janela, estávamos
no quarto andar, eu escutei o grito,
seu corpo se havia ido.
então estava de volta, ela sentada no
peitoril da janela outra vez. "você viu isso?", ela
perguntou. "eu caí da janela!"
"bom", eu disse.
"mas de algum modo eu me empurrei de volta para dentro!", ela
disse.
"bom", eu disse.
"isso é tudo o que você sabe dizer?", ela perguntou.
"bom???"
"eu consigo dizer que acho você uma bruxa ou um demônio
e que seu ato na janela agora só prova
isso."
eu senti que por cair para fora ela havia melhorado meu
humor e que ela o havia estragado de propósito
ao subir de volta
para dentro.
"então eu sou uma bruxa ou um demônio, é? bem, então chega de
bunda para você!"
"bom", eu disse.
às vezes você vive e fica com uma mulher e não tem ideia
real do porquê.
com ela eu sabia: era o simples, fascinante,
inexorável mistério e terror
de ela ser assim.
encontrado e eu sabia disso e ela sabia disso e ela era
as duas coisas, feia e linda ao mesmo tempo e as
duas dela estavam sentadas ali no peitoril
daquela janela aberta no hotel
em Nova York em
um dos dias mais quentes de todos os tempos, sem
ar-condicionado, sem ventilador, suávamos e sofríamos e esperávamos
algo
acontecer.
eu estava bêbado, ela estava nas drogas, havíamos acabado
de concluir uma copulação
rapidinha e logo depois ela disse, "seu filho da
puta, nós estamos encalhados aqui no inferno!"
"bom", eu disse.
então eu a vi cair da janela, estávamos
no quarto andar, eu escutei o grito,
seu corpo se havia ido.
então estava de volta, ela sentada no
peitoril da janela outra vez. "você viu isso?", ela
perguntou. "eu caí da janela!"
"bom", eu disse.
"mas de algum modo eu me empurrei de volta para dentro!", ela
disse.
"bom", eu disse.
"isso é tudo o que você sabe dizer?", ela perguntou.
"bom???"
"eu consigo dizer que acho você uma bruxa ou um demônio
e que seu ato na janela agora só prova
isso."
eu senti que por cair para fora ela havia melhorado meu
humor e que ela o havia estragado de propósito
ao subir de volta
para dentro.
"então eu sou uma bruxa ou um demônio, é? bem, então chega de
bunda para você!"
"bom", eu disse.
às vezes você vive e fica com uma mulher e não tem ideia
real do porquê.
com ela eu sabia: era o simples, fascinante,
inexorável mistério e terror
de ela ser assim.
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